Deixarmo-nos ir.

terça-feira, 31 de maio de 2016 · Temas: , ,

Portugal é um país delicioso para nos perdermos conscientemente. Ousar o rendilhado rural dos caminhos do norte, os vales e montanhas do centro, o horizonte do sul, ou o verde das ilhas, não é apenas uma ato de prazer, é um dever para com a nossa essência caminhante.

Desde há séculos que realizamos jornadas de dezenas de quilómetros. E se no passado se revestiam de um caráter eminentemente religioso, peregrinatório, atualmente, os mesmos percursos, e milhares de outros, assumem um caráter sobretudo desportivo e turístico, desenvolvendo-se em torno de elementos naturais e culturais proporcionados pela paisagem, numa pratica denominada por pedestrianismo.

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Este termo, que deriva do latim pedestris e, por evolução, do termo inglês pedestrianism, que designava o que vai a pé, foi introduzido em termos desportivos, pelo menos desde os anos 30 do século XX, tendo-se vulgarizado em meados de 1990 para o desporto de andar a pé, por caminhos, sinalizados ou não, isentos de dificuldades técnicas, cujo objetivo é, não a competição, mas a pura fruição do território.

É sobre esta fruição que fala este artigo, sem sobranceria, pois sabemos que há muita gente leitora do Geopalavras a praticar esta modalidade turística há muito, onde pretendemos relatar, de um modo quase pessoal, como rentabilizar a tecnologia, smartphones, GPS e computadores, na pratica do pedestrianismo.

Portugal, um país de turismo.

quinta-feira, 26 de maio de 2016 · Temas: ,

Para a pequena dimensão do nosso país, aquilo que se oferece em paisagem, clima e etnografia, constitui-se como sorte, ou então criação divina. Em poucos quilómetros continentais, e cerca de 5 horas de viagem, conseguimos partir da candura algarvia ao verdejante Minho, num passeio único, onde a paisagem e o clima, quase de repente, se transforma. Por sua vez, as ilhas, jardins espalhados no Atlântico, oferecem uma natureza impar que não se confina à terra firme, e acrescentam ao nosso país um inestimável valor ambiental e turístico.

As regiões turísticas que os alunos do curso de turismo da ESL apresentaram no âmbito do dia do cursos profissionais, realizado no passado dia 18 de maio, espelham aquela diversidade geográfica e cultural, que se traduz em múltiplos aspetos de interesse turístico.

As regiões continentais “promovidas” naquele ato de pratica simulada, foram estabelecidas pelo  Decreto de Lei n.º 33/2013, de 16 de maio, e coincidem com as NUTS de nível II, criadas para fins estatísticos: Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve. A estas juntam-se as duas entidades insulares de promoção turística, a DRT dos Açores e a DRT da Madeira, que comungam das mesmas diretrizes das continentais.

Para a promoção destas 7 regiões, estão designadas outras tantas agências regionais de promoção Turística, que articulam entre si e o Turismo de Portugal, a execução do Plano Nacional de Promoção Externa. São constituídas por agentes económicos do turismo privado  e entidades do setor público, tal como municípios e suprarreferidas entidades regionais de turismo. Adotam as seguintes denominações: Turismo do Porto e Norte de Portugal, Turismo Centro de Portugal, Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, Turismo do Alentejo, Região de Turismo do Algarve, Associação de Turismo dos Açores e Associação de Promoção Regional Autónoma da Madeira.

Um réptil e uma borboleta.

quarta-feira, 25 de maio de 2016 · Temas: , ,

A infinidade da fauna, e também da flora, põe à prova a capacidade imaginativa de cientistas / biólogos que  a batiza com nomes comuns, que chegam a ser hilariantes e até alvo de algumas rábulas humorísticas. Tal é o caso do réptil que encontramos na nossa última visita de estudo, um cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis) e de uma fotogénica borboleta-cauda-de-andorinha (Papilio machaon).

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Foi um acaso feliz depararmos com estes dois animais na nossa jornada pedestre ocorrida próxima da Cidade de Guimarães, por entre carvalhais que sombreavam charcos e zonas húmidas, e prados intensamente floridos. Apuramos que o réptil é uma espécie cujo estado de conservação se encontra ameaçado e é muito rara a sua visualização. Segundo o ICNB, em Portugal a sua distribuição é muito dispersa, e a maioria das observações permitiu ver indivíduos isolados ou pequenas populações, apenas a sul do Tejo.

Já a borboleta, uma das 135 espécies de borboletas diurnas que existem em Portugal, apresenta uma distribuição continental mais ampla e não é uma espécie ameaçada. Possui um voo forte e rápido, que interrompe com bruscamente, e  frequentemente, quando pousa sobre as flores, em busca do néctar.


Fontes: Zoologia 2013 // ICNB

O elefante.

domingo, 22 de maio de 2016 · Temas: ,

A memória, proporcional à sua grandeza, desajeita a caminhada inábil do paquiderme aos tempos modernos, demasiadamente rápidos, porque imensos, superficiais, feitos de muito e pouco. Ainda é ainda assim deambula, ondulante e sem criar sombras, não deixando ninguém indiferente. Eis o elefante!

S. Torcato e os seus moinhos.

sexta-feira, 20 de maio de 2016 · Temas: ,

Neste ano de chuva pródiga, toda a envolvente ao santuário de S. Torcato, ex-líbris da freguesia homónima de Guimarães, surgiu-nos sulcada por ribeiros, riachos e pequenos regos bem vivos, que alimentavam hortas, vinhas e moinhos, num cenário surpreendente e não distante, onde os alunos do curso de turismo da ESL realizaram um percurso pedestre e sinalizado, de responsabilidade camarária.

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O percurso começa na imponente igreja que domina todo o santuário. É um projeto começado em 1868, cujo desenho alemão foi orientado pelo arquiteto portuense Marques da Silva, numa fusão entre o gótico e o manuelino. Considera-se que a obra ainda não está acabada, e a prova está no espartano interior, que não coincide a magnitude das duas torres que compõem a igreja.

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O seu maior tesouro é o “corpo do santo”, uma relíquia que permanece dentro de uma de vidro, e alimenta um interessante culto em torno deste padroeiro da dor de cabeça. Reza a lenda que o corpo deste evangelizador, morto por mouros, foi encontrado intacto num bosque, e por entre a vegetação e as pedras, brotou uma fonte caudalosa que ainda hoje se conserva, conhecida como Fonte de São Torcato. O santo, pré-românico, não é oficialmente reconhecido pela igreja, nunca foi canonizado, mas faz parte da identidade das pessoas da região.

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Ligeiramente a sul, numa enorme várzea, onde se reúnem as águas que drenam todo aquele couto de S. Torcato, encontramos o campo da ataca, localização aproximada do local onde o nosso fundador iniciou a Batalha de São Mamede e iniciou o processo da independência de Portugal rumo ao sul.

O percurso, circular, atravessa também vários moinhos, alguns ainda no ativo, outros em ruina, entremeado por bouças de carvalhos assentes em terra húmida, onde a natureza nos surgiu  muito bela, frágil, mas senhora de si mesma.

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E que aprendemos com esta jornada de 8 quilómetros, que culminou, já depois do almoço no alto da Penha? Muita história, imensa geografia, sensibilidade ambiental, e uma perceção da função iminentemente turística, e potenciadora, de um percurso turístico.


Fontes: Jornal Público (Julho de 2010) // Wikipédia // Antepassados em Guimarães

Eletrotecnias.

domingo, 15 de maio de 2016 · Temas: , ,

Missão cumprida! Foi esse do espírito no final da visita de estudo dos técnicos de eletrotecnia Electrotecnia-008às instalações da JPS, bem perto do aeroporto Francisco Sá Carneiro. A pertinência da visita aquela fábrica de computadores era muita. Ali se fabricaram os antigos “Magalhães”, que agora, rebatizados por “myMaga”, se vendem noutras paragens, num conceito próximo do seu parente luso, que fez furor entre a pequenada do 1º ciclo, e respetivos encarregados de educação…

Foi muito interessante conhecer todo o processo fabril dos computadores (myMaga e Tsunami) e tablets. Tudo consiste numa enorme linha de montagem, onde operam técnicos (que se calhar já foram aprendizes de eletrotecnia)  que montam os computadores, instalam Electrotecnia-010software, procedem a testes de qualidade, personalizam e embalam o produto atendendo ao destino final. Toda esta operação é alicerçada num enorme e internacional processo logístico, com vista à comercialização dos computadores para destinos como o Quénia ou o Perú. Aliás, grande parte das instalações da fábrica, e sede, estão ocupadas por vários gabinetes que tem por fim assegurar os contactos com entidades governativas de vários países, e onde se desenha o melhor produto em função do destino.

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De tarde afinamos a bussola, largamos os circuitos integrados, e apelamos à geografia urbana, com alguns apontamentos de história. Partimos dos Aliados, trepamos a Rua da Madeira, onde floresce (literalmente) a street art, e subimos os Clérigos. Isto depois de uma “volta” pela marginal do Douro, do Passeio Alegre à Cordoaria.

Ah! O que se vê na foto não aconteceu a bordo de nenhum OVNI. Trata-se de uma experiência “5D”, à qual 4 técnicos se sujeitaram para dizer “como é”. Ora, saídos de tal façanha, os elementos foram parcos em palavras, mas abundantes em sorrisos… Cuidadinho!

Porto, uma cidade global?

· Temas: ,

Detivemo-nos esta semana sobre uma dissertação de mestrado da arquiteta Lúcia Pedro, apresentada na FAUP em 2015, cujo tema nos é recorrente: as cidades enquanto objetos de um processo turístico. O Porto é um bom exemplo do tema, e sobre ele publicamos com regularidade, simples opiniões. Por isso, é interessante ler um estudo mais aprofundado sobre esta dinâmica, que urge, enquanto há tempo, de grande e envolvente reflexão.

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O que pronuncia a tese? que a «arquitetura, o espaço público e o território têm sido constantemente construídos por símbolos que refletem as necessidades e vontades de um determinado tempo […] instalando-se cada vez mais nas cidades, as novas dinâmicas do turismo deixam nelas fortes marcas de modernização e de adaptação»1.

Festivais e celebrações britânicas.

sábado, 14 de maio de 2016 · Temas:

As ilhas britânicas, pela riqueza da sua história, incorporada ao longo de séculos, o cruzamento de povos, e pela marca indelével da geografia e clima, oferecem uma riqueza cultural enorme, manifesta em inúmeras tradições e superstições, algumas absolutamente globalizadas, que ousam a bizarria e assumem o caráter tipicamente insular deste povo britânico (muito embora o mapa se reporte apenas ao Reino Unido).

Tradições Britânicas

Os ingredientes para esta profusão são muitos: a insularidade, que conservou as tradições até à atualidade, o paganismo dos povos ancestrais, um clima raro em sol, o mar envolvente,  e um profundo folclore que mistura duendes, gigantes e elfos, que fez nascer celebrações e tradições deliciosas, muitas delas autênticos produtos turísticos da atualidade. O mapa, publicado pelo The Telegraph, é uma compilação das mesmas, e oferece hiperligações que as expandem com imagens, vídeos e outros tipo de informação.

População mundial em 2100.

· Temas:

As projeções do número de pessoas a habitar o nosso planeta, apontam para um aumento generalizado da população, sobretudo concentrado em África e na continuidade da Ásia. São números resultam de estudos elaborados pela ONU, condensados numa publicação que data de 2015, e num fantástico poster que nos oferece algumas curiosidades.

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Assim, e segundo a ONU, Portugal contará no ano de 2100, com cerca de 7.5 milhões de habitantes. A Índia terá cerca de 1.650 milhões de habitantes, a China cerca de 1 bilião, a Nigéria 750 milhões e os EUA 450 milhões.

A densidade populacional traz também números curiosos, Portugal apresentava em 2015 113 habitante por quilómetro quadrado (hab/km2). Na Europa, o país com maior densidade populacional era o Mónaco, com 23 323 hab/km2 , ao passo que a Islândia, com 3 hab/km2 , surgia como um dos mais baixos valores do mundo. Enfim, um poster a imprimir e explorar com bastante curiosidade.

Um ano de carbono.

O mapa que publicamos representa a vida do co2 produzido no nosso planeta ao longo de um ano. É um fantástico trabalho cartográfico da Oregon State University , assente no não menos fantástico vídeo elaborado pela NASA, através de um supercomputador

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O mapa discorre uma cronologia referente ao ano de 2006, ao longo da qual é explicada a variação das tonalidades do mapa, que representam quer o dióxido de carbono, quer o monóxido de carbono. As constatações são sobejamente conhecidas: há uma grande concentração de do dióxido de carbono no hemisfério norte a par das emissões estivais de monóxido de carbono, no hemisfério sul (com incêndios em África e América do Sul), num planeta que não conhece fronteiras à poluição atmosférica.

Passado sobreposto ao presente.

terça-feira, 10 de maio de 2016 · Temas: , ,

Entre as enormes potencialidades do Google Earth, está a possibilidade de sobrepor imagens à cobertura, mapeada, de fotografias de satélite, encaixando-as no modelado descrito pelos acidentes do terreno. É uma ferramenta muito útil para delimitar áreas que vão do tamanho de países, até um simples edifício, permitindo uma fácil leitura de um fenómeno em evidência ou provocar contrastes na paisagem.

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Foi isso que fizemos com uma antiga fotografia aérea da ESL, obtida em 1986, sobrepondo-a à última série de fotografias de satélite disponibilizadas pelo Google Earth, que datam de 2013. O resultado é o que acima se pode verificar: um recinto escolar despido do arvoredo marginal, com mais espaços livres e apenas um bloco de aulas.

Os céus de maio.

quinta-feira, 5 de maio de 2016 · Temas: , ,

Aproveitamos folga da lua e a doçura que soprou de leste e realizamos um timelapse noturno que pôs o céu a dançar sob o telhado da ESL. A camara apontou em três direções: ocidente, nordeste e sul, mas o brilho é de igual modo fascinante e arrebatador.

Abril de águas mil.

domingo, 1 de maio de 2016 · Temas: ,

O passado mês de abril condensou em apenas 30 dias todas as variantes do nosso clima. De facto, a estação meteorológica da ESL não teve descanso perante as grandes amplitudes térmicas registadas e, sobretudo, pelo enorme volume de precipitação ocorrida.

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A Lixa segundo o Guia de Portugal.

· Temas: , ,

Os Guias de Portugal são reconhecidamente os roteiros geográficos, históricos e etnográficos mais completos sobre o nosso país. Constituem-se em IV volumes, que cobrem Portugal Continental de sul a norte, sendo o I volume dedicado a Lisboa e arredores, o II volume à Estremadura, Alentejo e Algarve, o III às Beiras (tomo I e II) e o IV, ao Douro Litoral (tomo I), Minho (tomo II) e Trás os Montes (dois tomos).

Guia de Portugal

São, acima de tudo, uma obra de turismo literário, iniciada e organizada por Raul Proença, que reuniu para o primeiro volume, nomes como Aquilino Ribeiro, António Sérgio,Teixeira de Pascoaes, Júlio Dantas, Pina de Morais ou Orlando Ribeiro.  Os seguintes volume teriam a chancela da Biblioteca Nacional, sendo que os quatro tomos (1964-1970) do IV volume foram editados pela Fundação Calouste Gulbenkian, numa organização de Sant'Anna Dionísio.