Apostas para o exame nacional de Geografia 2016.

terça-feira, 12 de abril de 2016 · Temas: ,

Por entre tanto mundo para explorar, até nos esquecemos da nossa essência. Dai este artigo, bem ligado às raízes do Geopalavras, que desbrava pistas de estudo para o Exame Nacional de Geografia deste ano letivo, e oferece algumas apostas sobre os temas que possam vir a ser contemplados nas suas duas fases.

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O ponto de partida é o IAVE (Instituto de Avaliação Educativa) que, sob a alçada do Ministério da Educação, está encarregado de elaborar as provas de exames nacionais, e publicar um documento denominado por Informação-Prova, que contempla várias informações: objeto de avaliação, a caracterização da prova, o material passível de ser utilizado (este ano, ao contrário dos anteriores, não é possível utilizar máquina de calcular não alfanumérica), a duração da prova e os critérios gerais da sua classificação.

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Para te ajudar, fizemos o seguinte: analisamos os exames nacionais dos últimos quatro anos letivos, partindo de uma premissa: os exames de Geografia procuram enquadrar nos temas avaliados, factos marcantes do quotidiano nacional, que tenham sido veiculados pela imprensa, nos seus múltiplos canais, enfatizando-se, deste modo, a «compreensão da complexidade dos sistemas naturais e dos sistemas humanos e sociais, bem como da interação entre estes sistemas».

Assim, dissecando cada uma das fases dos últimos 4 anos, verificamos que a:

  • prova de 2012, primeira fase, sequente ao ano do Censo 2011, contemplou aspetos ligados à natalidade europeia (grupo V) e, na segunda fase, à variação da população nacional (grupo I); o traço comum às duas provas foi a demografia, isto após a publicação dos resultados do censo nacional e dos congéneres europeus.
  • prova de 2013, primeira fase, ano de um certo despertar agrícola nacional, dedicou o grupo VI a esta temática; já a segunda fase, e para além da agricultura novamente (grupo III), apostou no tema da regressão costeira, grupo V, para o qual contribuíram amiúde, uma série de artigos / alertas (Público, JN, Geopalavras), publicados na imprensa nacional;
  • prova de 2014, primeira fase, verificou o grupo V totalmente dedicado à Z.E.E. nacional, num ano letivo em que as escolas foram convidadas a afixar, em cada sala de aula, o mapa “Portugal é Mar”; ainda nesta fase, e à semelhança da prova de 2013, surgiu o tema da agricultura surgiu no grupo VI, especificando produtos hortícolas e DOP; a segunda fase apostou nos transportes, mais especificamente na rede transeuropeia das nossas infraestruturas portuárias, viárias e aeroportuárias;
  • prova de 2015, primeira fase, apostou na gestão dos recursos hídricos, enquanto principais contribuidores / alimentadores de sedimentos da costa continental nacional; a segunda fase, mostrou-nos um gráfico comparativo do volume de passageiros de cruzeiros que escalaram os portos de Lisboa e Leixões (grupo IV), isto no ano em que  o novo terminal de cruzeiros deste último porto entrou em funcionamento, e o turismo proveniente por esta via fonte se assumiu como relevante na economia turística nacional; nesta segunda fase voltou-se novamente à problemática da regressão costeira (grupo V), na sequencia de um inverno particularmente dramático em determinadas áreas costeiras nacionais, e de um fenómeno de ondulação inusitado.

 

Analisando estes 8 exames, retiram-se algumas conclusões. A primeira recai na insistência demonstrada pela aposta em determinados temas de importância nacional: a agricultura (Tema III), os problemas que afetam a orla costeira (Tema II e Tema V) e a população (Tema I, subtema evolução). São temas de grande enfoque mediático e bastante atuais, constituindo-se como verdadeira matéria prima deste saber.

A segunda conclusão que se tira, observando os critérios de correção das provas referidas, é a fusão de temas que é requerida nos itens de construção de resposta extensa, e mesmo restrita. Esta exigência apela à essência da Geografia, como disciplina multidisciplinar, que consegue sintetizar para uma situação concreta, conhecimentos múltiplos. Por exemplo, e sobre a regressão costeira, ao aluno é requerida a conjugação de conhecimentos sobre o comportamento climático, correntes marítimas, dinâmica fluvial e ações antrópicas. Ora, todos estes conteúdos se explanam ao longo de dois anos letivos (normalmente o 10º / 11º ano de escolaridade), gorando-se, deste modo, qualquer tentativa de memorização avulsa, inócua e sempre vazia de relacionamentos.

Por outro lado, há também o risco de o aluno encarar os conteúdos de uma forma leviana, assente numa falsa perceção e domínio dos mesmos. Ainda no ano passado, quando fomos corretores de exames nacionais e, em muitas respostas de desenvolvimento (itens de construção), verificamos muito palavreado superficial, exasperante até, onde factos eram simplesmente somados e não relacionados.

Por último, o modo como se escreve. A capacidade de escrever muito em pouco, ordenando de um modo eficaz as palavras, as virgulas, os pontos finais e parágrafos, permitem imprimir um fio condutor escorreito às ideias, tornando, por vezes, a árdua tarefa da correção de um exame, num momento de prazer intelectual.

Apostas para o exame nacional.

Finalmente! Para apostar, procuramos enquadrar nos 5 temas contemplados pelo exame nacional de Geografia deste ano, notícias de relevo nacional, que se tenham propagado mediaticamente ao longo deste último ano, atendendo assim à premissa acima referida. Deste modo:

Tema I – A população.

Neste tema I, apostamos no tema dos refugiados / migrantes sírios, afegãos e africanos, que poderá problematizar o seguinte: a) o envelhecimento demográfico nacional e europeu, e a necessidade de um verdadeira política demográfica comum, onde os migrantes podem desempenhar um papel relevante de rejuvenescimento etário; b) há também a destacar a nova vaga de emigração nacional, sobretudo de jovens qualificados, e o seu reflexo na estrutura demográfica  nacional.

Também consideramos a temática da descentralização, amplamente invocada por vários quadrantes políticos, que poderá problematizar o seguinte assunto: c) o despovoamento do interior dada a macrocefalia nacional, a litoralização e bipolarização da população e recursos.

Tema II – Os recursos.

Neste tema II, a nossa aposta vai para o número de horas de isolação, como fator de potencialização turística em Portugal, e mais especificamente de algumas das suas modalidades. É possível o seguinte desenvolvimento: d) a relação clima / horas de sol e as diferentes modalidades de turismo. 

O duro inverno que atravessamos, a par dos elevados quantitativos de precipitação, com inundações à mistura, podem apelar igualmente ao seguinte assunto: e) a gestão dos recursos hídricos, onde as barragens, como agentes regularizadores do caudal dos rios, podem desempenhar um papel ambivalente (reguladores / ambientalmente agressivo).

Por último, a escassez da sardinha e a dificuldade na reposição dos stocks, levou a recentes apelos de pescadores pela renegociação das quotas de pesca atribuídas por Bruxelas. Assim, apostamos no seguinte:  f) a temática da pesca e a dicotomia, pesca (e modernização da mesma) / preservação ambiental.

Tema III – Os espaços organizados pela população.

Aqui o nosso destaque cai no processo de renovação dos centros históricos de Lisboa e Porto, que assistem a uma transformação gentrificadora, onde o comércio tradicional tem dado lugar aos serviços ligados à hotelaria. Deste modo, podem surgir questões – problema como: g) o declino demográfico das áreas centrais, fruto dos elevados preços praticados pela habitação, agora renovada, nos centros históricos; h) a dicotomia: expansão terciária, por contraponto à preservação da tipicidade, num processo turbilhonar de crescendo turístico.

Tema IV – Como se movimenta a população.

Esta é a nossa última aposta: a polémica do fecho de rotas internacionais efetuada pela nossa companhia de bandeira, a TAP, afetando o aeroporto Francisco Sá Carneiro. Estamos em crer que a polémica em si não será questionada, mas gráficos e ou tabelas com valores do número de passageiros, poderão servir de suporte ao desenvolvimento dos seguintes tópicos: i) o hinterland do Aeroporto de Lisboa / Porto; a importância do hub de Lisboa, como plataforma giratória de voos internacionais; a captação de rotas como fator de desenvolvimento turístico na região Norte de Portugal, Madeira e Açores.

Em suma, estas apostas resultam de alguma da nossa sensibilidade, enquanto geógrafos e professores, mas de modo algum atalham o estudo e inter-relação dos temas definidos para o exame nacional deste ano letivo. Ah! E não te esqueças que neste assunto, o teu melhor amigo é o teu professor de Geografia. Bom estudo!

Uma resposta a: “Apostas para o exame nacional de Geografia 2016.”

  1. Estão aqui boas ideias. No entanto falta um grupo.
    Qual será a proposta?

    Obrigado

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