Gaiola de loucos.

quinta-feira, 11 de setembro de 2025 · Temas: , ,

Há um parque municipal bem perto da minha casa onde os dias de outono convidam a caminhar. A pé, o percurso faz-se quase inteiramente em passeio pedestre, cruzando casas, dois ou três cafés, bouças e até uma escola secundária. A meio do percurso, foi grafitada, há um par de anos, uma frase que nunca me deteve, até hoje. Parei, fotografei e continuei, abstraído do caminho, procurando dar sentido à frase e, nos dias que correm, nunca foi tão fácil fazê-lo.



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Temperaturas dos meses de julho e agosto.

quarta-feira, 10 de setembro de 2025 · Temas: ,

Retomado o início do ano letivo, volto agora na primeira pessoa, às análises meteorológicas, focando apenas a temperatura destes dois últimos meses de verão, vista a quase nulidade da precipitação deste período. Empiricamente, posso dizer que foi um período muito quente, pautado por prolongadas ondas de calor relatadas pelo IPMA. 


No entanto, para aplicar a fórmula adotada por aquela entidade e calcular aquele fenómeno, são necessários valores de referência, as médias máximas diárias obtidas num período de referência. Ora, por não possuir aqueles, apliquei simplesmente a seguinte fórmula: a devolução dos dias cuja temperatura mínima não tenha descido abaixo 20 °C, fenómeno a que dominamos por noites tropicais. Considerando-a, verificaram-se três períodos ocorridos durante os dois meses em causa: de 1 a 5 de julho, de 30 de julho a 6 de agosto, e de 10 a 15 de agosto. Ou seja, cerca de 19% do total de dias deste par de meses estivais, verificaram esta situação gravosa e extrema.

A temperatura máxima ocorreu no dia 3 de agosto, com 39,5 °C, que terá contribuido para a média diária do perído em análise mais elevada, com o valor de 30,1 °C. A mínima mais elevada ocorreu no dia 4 de julho, quando o temómetro não desceu abaixo dos 24,9 °C.

Anomalias térmicas de junho.

sábado, 12 de julho de 2025 · Temas: , ,

O mapa intitulado Anomalias e extremos na temperatura do ar à superfície (17 de junho a 2 de julho), produzido pelo Copernicus Climate Change Service, mostra variações de temperatura relativamente à média climatológica para o período.




Geograficamente, destaca-se um forte contraste térmico entre o oeste e o leste da Europa. A Europa Ocidental, Central e Meridional, incluindo Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Reino Unido, Irlanda e Benelux, que apresenta extensas áreas com temperaturas muito acima da média, em tons de vermelho-escuro. Este padrão reflete a ocorrência da onda de calor que afetou grande parte da Europa na passada semana, com especial incidência no denominado western european domain, uma área de interesse especial pela sua vulnerabilidade crescente a eventos climáticos extremos.

Em contraste, o norte e leste da Europa, incluindo a Escandinávia, os países bálticos, a Rússia e partes da Ucrânia, registaram temperaturas significativamente abaixo do normal, manifestas em tons de azul. Ora, este gradiente térmico leste - oeste aponta para a presença de sistemas atmosféricos contrastantes, o anticiclone dos Açores e depressões a leste, impulsionadas e pelo comportamento anómalo do jet stream.

Em suma, a simultaneidade de calor extremo a oeste e anomalias frias a leste ilustra a crescente desorganização dos regimes atmosféricos tradicionais, um fenómeno cada vez mais frequente e intenso devido às alterações climáticas. Tal realidade sublinha a necessidade urgente de estratégias eficazes de adaptação e mitigação em todo o continente europeu.


Que calor é este?

domingo, 29 de junho de 2025 · Temas: ,

Estamos a atravessar uma vigorosa onda de calor, com temperaturas a atingir os 45 °C em Portugal e Espanha, e os 43 °C em França. Este fenómeno está associado a uma estrutura atmosférica persistente, conhecida como cúpula de calor (heat dome), que prende o ar quente junto à superfície e impede a entrada de massas de ar frescas.



Trata-se de um anticiclone persistente em altitude, que funciona como uma tampa atmosférica, prendendo o calor por baixo. Nele, o movimento subsidente do ar provoca a sua compressão, aumentando ainda mais a temperatura e impedindo a entrada de massas de ar mais frias. Esta circulação de ar afasta, ainda, a possibilidade de ocorrer uma depressão térmica e, consequentemente, chuvas convectivas e a diminuição da temperatura.

As previsões meteorológicas apontam para que o calor se mantenha pelo menos até ao fim da próxima semana de julho. Depois, é possível que o ar mais fresco do Atlântico consiga romper a cúpula e traga chuvas e trovoadas para aliviar a situação.


FONTES: 

https://www.severe-weather.eu/
https://www.nationalgeographic.com/
https://www.ventusky.com/