Gosto do Halloween porque, em parte, deriva daquela alegria folclórica das colheitas, do enchimento dos celeiros, das adegas e das despensas, que previnem o frio e a demência do inverno. E como vivo numa região onde, felizmente, isso ainda é uma realidade, o contágio é simples.
Por outro lado, não posso esquecer que trabalho numa escola, onde a absorção de “coisas” estrangeiras é um facto. Que o digam os meus “produtos” de 7.º, 8.º e por aí fora, que, à custa de sabe-se lá Deus do quê, até coreano sabem falar, mas talvez ainda não saibam onde ficam as Coreias.
Ora, esta fusão de outono e colheitas, aliada à trend vinda dos EUA, resulta numa coisa engraçada que só é visível nas escolas: o Halloween à portuguesa. É como quem diz, uma misturada de aranhas e vampiros recortados à tesoura e colados em tudo o que é canto, abóboras de papel crepe, por ser mais barato, e disfarces que se confundem com personagens de animes japoneses.
Perante tal magnetismo, é impossível a indiferença e, por isso, contribuo mais uma vez para o frenesim vivido na minha escola, colando morcegos, caveiras e árvores tétricas nas vitrines da Biblioteca, para que todos possam sentir o terror da quadra.

