Crianças selvagens.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010 · Temas: ,

As crianças selvagens são crianças que cresceram com contacto humano mínimo, ou mesmo nenhum. Normalmente são perdidas, roubadas ou abandonadas na infância e, depois, anos mais tarde, descobertas, capturadas e recolhidas entre os humanos.

Os casos que se conhecem de crianças selvagens revestem-se de grande interesse científico. Elas constituem uma espécie de grau zero do desenvolvimento humano, ensinam-nos o que seríamos sem os outros, mostram de forma abrupta a fragilidade da nossa animalidade e revelam a raiz precária da nossa vida humana.

The Wild Boy - John Thiering
Até hoje foram encontradas diversas crianças selvagens, na maioria criadas por lobos, mas também por muitos outros animais. Por exemplo, as irmãs Amala e Kamala de Midnapore, Isabel, a menina que vivia no galinheiro ou Gaspard Hauser de Nuremberga. O caso mais célebre é o de Victor de Aveyron com base no qual Francois Truffaut realizou um belíssimo filme.

O caso de Isabel, a menina galinha.

«Maria Isabel Quaresma dos Santos nasceu em 6 de Julho de 1970 no distrito de Coimbra, na vila de Tábua. A sua mãe, Idalina Quaresma dos Santos, denotava alguma debilidade mental. O pai de Isabel não era membro da família. Isabel vivia com a mãe no Lugar da Vacaria, uma pequena aldeia onde a agricultura e a pecuária constituem as principais actividades económicas.

A pequena Isabel habitava um galinheiro onde supostamente a mãe a terá colocado apenas algum tempo após o seu nascimento. Aí viveu durante oito anos da sua infância tendo como companhia as galinhas enquanto a mãe ia trabalhar para o campo. Alimentava-a de milho, couves cortadas e uma caneca de café. O caso de Isabel foi divulgado pela comunicação social no início de 1980, quando tinha a idade de 9 anos e tinha vivido cerca de oito anos num galinheiro.

A primeira tentativa de tirar Isabel desta situação parece ter surgido do "Movimento Alfa", uma organização de carácter religioso, que foi buscar a criança. Através de um acordo com o Hospital da Tábua, aquela organização religiosa conseguiu o internamento da criança por um curto espaço de tempo, até encontrar uma instituição melhor preparada e adequada para a receber. Como tal instituição não foi encontrada, o Hospital acabou por devolver a criança à sua vida anterior.

Entretanto, Maria João de Oliveira Bichão, de 35 anos, que trabalhava como técnica de radiologia no Hospital de Torres Vedras, teve conhecimento, por intermédio das religiosas deste hospital, da situação de Isabel. Toda a sua vida Maria João se havia interessado por crianças e pelos seus problemas e resolveu ajudar Isabel. Decidiu levar a Isabel para sua casa em Torres Vedras, onde ficou durante cerca de 15 dias. Porém, sentindo-se incapaz de recuperar uma criança como esta, Maria João tentou interná-la num hospital, mas apenas conseguiu o interesse de alguns médicos em observarem a Isabel e realizaram-lhe alguns exames. Como não foram assinaladas razões suficientes para o seu internamento, Isabel voltou para as suas condições anteriores. O caso acabou por ser denunciado à polícia, pelos vizinhos. No decorrer deste processo, Isabel foi internada no Colégio Ocupacional Luís Rodrigues, em Lisboa, que entretanto foi fechado pela Segurança Social. Actualmente encontra-se na Casa do Bom Samaritano.

Quando Isabel foi encontrada possuía algumas características físicas específicas, tais como:

• Subdesenvolvimento ósseo;

• Grande debilidade;

• Cabeça demasiado pequena para a idade;

• Face com semelhanças flagrantes com os galináceos (perfil, posição labial, dentição formada como se fosse um bico);

• Olhos grandes (rasgados no sentido descendente);

• Posição dos braços muito idêntica às asas das galinhas;

• Calos nas palmas das mãos.

• Uma catarata no olho direito, certamente originada por uma picada de galinha.

• Em termos comportamentais, revelava:

• Atitudes extremamente agressivas, destruindo tudo o que tivesse ao seu alcance,

• O seu comportamento mais usual era mexer os braços como se fossem asas de galinha e guinchar,

• Comia os seus próprios cabelos,

• Defecava em qualquer parte e ingeria as próprias fezes.»

Isto foi um caso verídico. Achei mal a reacção da mãe da menina mas a culpada não foi ela, foi a família. Sabendo que a senhora tinha problemas não deixavam a menina com ela sozinha.

Fonte:
- www.educ.fc.ul

Autoria:
- Samuel Maias, 10ºF

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