Portugal continental, a norte do Mondego, foi fustigado por incêndios rurais entre os passados dias 12 e 20 de setembro. Após um verão sem grandes ocorrências continentais do género, a pergunta que se faz é: o que falhou entre aquelas datas? Os meios que ocorreram aos incêndios são os mesmo que estavam no terreno há meses, a prontidão era alta dados os avisos de véspera emitidos pelo IPMA, mas a catástrofe ocorreu. O que falhou então? A resposta é uma, o estado de tempo.
Durante aqueles dias a direção do vento mudou, passando a soprar de leste, e a sua velocidade média aumentou; por consequência, a temperatura aumentou e a humidade relativa do ar diminuiu. No espaço de um dia criaram-se as condições perfeitas para incêndios indomáveis, que só amainaram com uma nova mudança das condições atmosféricas: uma nova direção do vento, de oeste, um aumento da humidade relativa e uma diminuição da temperatura.
Posto isto, levanta-se a questão, o que há mais a fazer para que estes traumas não ocorram da forma trágica como ocorreram? Aumentar o dispositivo humano de meios de prevenção / combate? Maior sensibilização / informação da população perante o perigo de incêndios rurais? Ou repensar o mosaico florestal? Quanto às duas primeiras perguntas, não nos parece haver muito mais a fazer, ou que pelo menos o país tenha capacidade de fazer. Já quanto à última questão, há muito que trabalhar. Repensar a floresta é, quanto a nós, a resposta a esta inevitabilidade estival que se acentua cada vez mais de um modo dramático.