De todos os elementos do clima, o nosso favorito é o vento. Afirmar isto, para a maioria, é como para nós, um químico dizer-se deslumbrado pelo potássio ou um engenheiro civil tecer elogios ao betão pré-esforçado; é uma questão de sensibilidade intelectual, derivada da nossa formação académica, ou vivência pessoal. No nosso caso, são as duas coisas. Nascemos no Porto, onde a nortada se faz sentir durante quase todo o verão e funciona como uma barreira ao calor extremo, que ali é raro.
Mas a Geografia fez-nos perceber melhor este vento regional, que sopra paralelo à costa ocidental continental, marca o clima estival, e propicia uma série de manifestações sociais e culturais. À mesa deste mês dos santos populares, agregados em torno do solstício pagão, come-se sardinha que surge por esta altura em abundância, com a subida das águas frias costeiras ricas em nutrientes, compensando as que são arrastadas, mais quentes, pela nortada.
A relação destes elementos sempre nos fascinou e falamos deles com prazer, tentando ser pedagógicos e adequados a quem nos interpele sobre o assunto. Se calhar, sobre o potássio ou o betão pré-esforçado, também há associações científicas interessantes de narrar. É talvez uma questão de oportunidade e sobretudo pedagogia.
