Correio de Natal.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2025 · Temas: , ,

Escrever ao Pai Natal, ou ao Menino, é um exercício de inocência próprio de quem ainda acredita em seres mágicos, distribuidores de prendas ao sabor das vontades, das modas e, não raras vezes, pouco merecidas. Um ritual que perpetua um certo folclore comercial, já entranhado em regiões do mundo onde nem sequer sabem distinguir as figuras do presépio, mas sabem, sem hesitar, o nome do barbudo, barrigudo e de barrete vermelho.



Ainda assim, confesso: continuo a acreditar em milagres e em seres alados. É verdade, e explico-me. Não passa uma semana sem que escreva naqueles arcaicos blocos de “memorandos”, uma relíquia do Ministério da Educação da década de 80 que, pelo menos na minha escola, continua a circular com uma vitalidade quase sobrenatural.

Normalmente peço coisas simples: que não mexam nas minhas coisas, que não alterem o sistema operativo dos computadores, esse que consegue bloquear uma inocente calculadora online, ou que substituam máquinas com 14 anos de idade que, com uma pontaria essa sim milagrosa, calham sempre às turmas do ensino básico.

Mas, entre aqueles maços, há vários, resiste um curioso arquivo de cópias em papel químico, sobreviventes dos originais, onde se lê, quase publicamente, que não sou o único crente. Há quem reclame do aquecimento, da chave, do barulho incessante nos corredores ou da falta de sabão nas casas de banho. Enfim, uma coleção de pedidos feitos em tom de desejo que, pelos vistos, não são atendidos. Talvez por nos portarmos mal. Ou talvez porque o milagre, por aqui, ainda esteja em lista de espera.

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