Uma instalação científica.

quarta-feira, 26 de novembro de 2025 · Temas: ,

Estamos em plena época das chuvas, algo que acontece, sem grande novidade, desde o final da última glaciação, por esta altura do ano. Por outras palavras, até o rato Mickey sabe que, no outono e no inverno, chove com abundância. Mas, pelos vistos, a empresa (ou organismo) que tutela o edifício e zela pela sua manutenção ignora esse facto climatológico. O resultado está à vista: buracos no teto provocados por infiltrações de água da chuva, um pouco por toda a escola.

A situação é de tal ordem que já ameaça tornar-se uma efeméride da casa, daquelas que se assinalam no calendário, viram moda e dão azo a comércio. Estou mesmo a imaginar uma linha de guarda-chuvas para uso interior e exterior; ou gabardinas e galochas coloridas, para circular pela escola com segurança, realçando, por contraste, as insípidas paredes brancas que a caracterizam.

Entre tanto engenho improvisado, há uma instalação que merece ser analisada de três formas: científica, artística e esotérica. Encontra-se mesmo à porta da reprografia, encostada à entrada do mausoléu da escola, o multiusos, onde o teto falso já abdicou das suas funções para dar lugar a uma peça digna deste artigo.

O cenário é de alta tecnologia do desenrasque: no lugar das placas do teto, vislumbram-se as entranhas do edifício, de onde pende, majestoso, um balde de 15 litros, outrora de tinta, agora promovido a reservatório pluvial, amarrado com uma mistura de esperança e fé a uma viga de sustentação.

Deste lustre improvisado nasce uma mangueira de jardim cuja missão heroica é conduzir a água para o exterior. Contudo, a pobre coitada enfrenta um destino cruel: para chegar ao recreio, é obrigada a passar por baixo da porta de acesso, ficando esmagada e estrangulada numa luta inglória contra a caixilharia de alumínio.

E, porque a confiança na física (e na mangueira esmagada) é limitada, o sistema conta ainda com um plano de contingência: um imponente bidão azul estacionado no chão, pronto a recolher tudo o que o balde aéreo não aguentar ou que a mangueira sufocada se recuse a drenar. É, sem dúvida, um sistema de gestão hídrica que oscila entre a genialidade do improviso e o caos iminente.

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