O Chinês no Halloween.

sábado, 25 de outubro de 2025 · Temas: ,

Desabafo aqui a minha obsessão pelo chinês da terra onde moro. Fica mesmo ao lado do supermercado, dá jeito para estacionar, é suficientemente grande para uma bela tarde bem passada a ver as mais variadas bugigangas, e não passo uma daquelas quadras festivas sem lá dar um saltinho, mesmo sem a intenção objetiva de comprar o que quer que seja.



Um dos encantos da loja prende-se com os seus funcionários. Há portugueses que assumem o papel de gerentes, sabem em que secção se encontra quase tudo e até dão palpites aos patrões chineses, cuja língua ainda os faz entender a coisa só pela metade. Depois temos os patrões, ou seja, a família chinesa. Há sempre um ou dois donos: normalmente prestáveis, algo desconfiados quando pedimos fatura com contribuinte e nunca parados, ora repõem prateleiras, ora vigiam corredores, ora fazem trocos na caixa.

Há também uma geração mais velha, mães, tios e sabe-se lá quem mais, que se limita a repor materiais nas prateleiras, mas está sempre disponível para ajudar a procurar o que precisamos. Respondem, regra geral, com frases curtas e palavras diretas, avançando em passo apressado até ao local onde jaz, esquecido, o objeto que procuramos.

Por último, temos os netos destes, portugueses de ascendência chinesa e sotaque bem nosso. É uma delícia interagir com eles: preparamo-nos para arranhar um português básico e objetivo, mas o interlocutor fala um português perfeito que nos baralha o cérebro. Sinais dos tempos.

Como disse, ao Chinês só faltava um daqueles espaços de pausa para café, porque de resto está lá tudo para uma tarde em família. Começando num extremo, há ferramenta da boa; os corredores centrais estão dedicados às épocas festivas. Por exemplo, esta semana já estavam montados os corredores de Natal e de Halloween, ambos recheadíssimos de novidades plásticas e preços apelativos para todas as carteiras. Há também a secção decorativa, com espelhos, quadros e cortinados; outra, com utilidades para o lar: baldes, esfregonas e tupperwares e, por fim, mesmo no fundo do pavilhão, a secção das plantas plásticas, claro está.

Mas há mais! A seleção musical que normalmente nos acompanha nesse processo quase meditativo de ziguezaguear pelos corredores é digna do espaço. Desta vez, a música estava a cargo do Spotify, versão gratuita, com anúncios, e tive oportunidade de ouvir, na íntegra, o reportório do Nininho Vaz Maia, com a sua música cigana de toque afro. Em suma: o Halloween, o Natal e o Chinês, tudo ao som de música cigana, numa loja de Lousada, bem ao lado dos supermercados. Querem melhor?

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