Contraciclo.

domingo, 17 de setembro de 2023 · Temas: , ,

Gostamos de filmes de ficção científica, daqueles que nos projetam um certo futuro, relativamente próximo, doseado de realismo. Isto é, adaptado às necessidades humanas e baseado no estado tecnológico atual. É por isso que lemos nos cenários promíscuos de Blade Runner, ou na lógica tecnológica levada à prática em The Martian, algo imaginado, mas plausível.



A nossa escola faz parte um projeto-piloto, criado pelo Ministério da Educação, extremamente imaginativo, mas na nossa opinião, pouco plausível. Trata-se de experimentar a  massificação do uso dos manuais digitais, que não necessitam de ser devolvidos ou sujeitos a "apagões" no final de cada ano letivo, sendo por isso perenes, económicos e ecológicos, sob vários pontos de vista. Há, no entanto, no meio desta equação, uma variável chamada alunos (criança ou adolescente), que não nos parece adequar-se ao cálculo provinciano.

E já nem questionamos as dificuldades técnicas que tal implementação acarreta, porque não basta atribuir um computador aos alunos ou reciclar professores com formações em ferramentas digitais. Toda a interação, quase metafísica, que os alunos fazem com o objeto físico manual, que implica lápis, borrachas, canetas, é tão fundamental como é a manuscrita, o diálogo e a interação entre pares. Atenuar isto é fugir ao que somos, e parece acarretar preocupações noutros países, que os nossos governos gostam de imitar, onde há um recuo nas tecnologias embutidas dentro da sala e no processo de aprendizagem.

Com isto, achamos que as tecnologias são excelentes enquanto aliados da aprendizagem, mas não substituem formas de aprendizagem mais orgânicas, onde há lugar para as saídas de campo, a aplicação prática de conteúdo, os mapas e os globos verdadeiros, ou as apresentações e defesas de trabalhos na sala, perante os pares, com recurso à oratória. Portanto, imaginar a fusão das tecnologias com tudo aquilo, é imaginar o futuro, e este, sim, um futuro plausível.  

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