Faz muito calor e a culpa é de um conjunto de altas pressões, que se estendem longitudinalmente desde o Atlântico ao Mar Negro, abrangendo a sul o Norte de África e, a norte, o Báltico e mesmo a Escandinávia. Não é uma situação normal, seja lá o que isso for em termos climatéricos nestes tempos turbulentos, ver este alinhamento de anticiclones que fazem girar o ar no Hemisfério Norte conforme o sentido dos ponteiros do relógio, aspirando ar das regiões circundantes.
Por definição, este corpo de pressão abrange as regiões cujos valores sejam superiores a 1013 milibares, e nele o ar (ventos de altitude) é descendente e seco, visto o aquecimento adiabático que decorre daquela dinâmica, ausentando-se a probabilidade de condensação do vapor de água. Assim, à superfície os ventos serão divergentes e paralelos às isóbaras (em direção às baixas pressões), tal como em altitude, onde ventos também sopram no sentido horário em torno das áreas de alta pressão (e no sentido anti-horário em torno das áreas de baixa pressão).
Ora, é este movimento geograficamente abrangente, que está a trazer ar quente e seco provindo do Saara, a toda a bacia mediterrânica e à Península Ibérica. A massa de ar que nos tem atingido nos últimos dias, resulta da ação conjunta dos referidos anticiclones, que estabeleceram uma espécie de muralha sob a Europa, relativamente às correntes atlânticas, frescas e instáveis, numa redoma espiral de calor a sul, e tempo fresco a norte.
