Voltamos à Roménia.

quinta-feira, 28 de março de 2019 · Temas: ,

Não é fácil escrever sobre a Roménia. O país causa-nos um sentimento revolta, de necessidade de ação, mas, ao mesmo tempo de impotência, a impotência de velho gigante adormecido, perante a vertigem de uma Europa com outro fulgor.

Se resumirmos Roménia atual a um problema, diremos economia. Há falta de dinheiro, a agricultura é incipiente e sujeita a cotas, da indústria de mão-de-obra intensiva restam enormes esqueletos do passado, e o dinheiro estrutural que emana de Bruxelas parece só contemplar alguns, aqueles que estão ligados ao aparelho do estado.

Por isso, viver na Roménia é para a maior parte da sua população, um ato de sobrevivência diária, onde vender infusões engarrafadas em garrafas plásticas de coca-cola, à mistura com alguns ovos e alhos, num escaparate que no máximo poderá render uns 5 euros, é o suficiente para aguentar a gélida manhã de Oltenita, cidade que nos acolheu.

As pessoas são desconfiadas, afáveis, mas pouco habituadas a forasteiros. Já o havíamos sentido em Bucareste, a imperial capital do país, mas na zona rural, mesmo colados à Bulgária, o sentimento de estranheza é ainda maior. Não obstante, nunca sentimos insegurança e facilmente nos imbuímos no pequeno mundo local, uma ilha naufragada, ligada por uma estrada e uma via férrea ferrugenta, ao resto do país.

Quando este país acordar, quando a infraestruturação rodoviária acontecer e o investimento estrageiro criar tecido económico, a Roménia vai abrir-se ao mundo e a beleza natural das suas paisagens e tradições serão argumentos fortes para um mundo global, turístico, que ainda não existe na Roménia.

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