Especialistas e climatólogos 1 apontam que este seja um ano climatologicamente marcado por um El Niño. Trata-se de um fenómeno que ocorre no Pacífico, à latitude equatorial, quando o vento (alísios) toma a direção este-oeste arrastando água oceânica superficial, e portanto mais aquecida, da região do Pacífico Ocidental. Esta situação atenua o normal afloramento (upweelling) de águas mais profundas e frias do oceano, inverte a normal distribuição barométrica, e permite a formação de campos depressionários nas costas ocidentais da América do Sul, com bastante chuva, e secas nas regiões costeiras orientais da Austrália.
Segundo dados pelo Instituto Geofísico do Peru, o Oceano Pacífico parece este ano apresentar condições de temperatura para se verificar este fenómeno, sem que no entanto se consiga determinar o grau da sua intensidade 2. Os anos cujo fenómeno ocorreu com mais violência foram em 1982-83 e 1997-98, quando a Cidade de Piura, situada na costa norte e desértica do Peru, observou quantitativos de pluviosidade equivalentes à soma de 40 anos hidrológicos 3.
Acrescente-se que este fenómeno sistémico altera globalmente o comportamento e o movimento / posicionamento das massas de ar (húmidas ou secas, frias ou quentes), criando situações anormais no clima mundial: «o inverno é mais quente que a média nos estados centrais dos Estados Unidos, enquanto que nos do sul há mais chuva; por outro lado, os estados do noroeste do Pacífico (Oregon, Washington, Colúmbia Britânica) têm um inverno mais seco. Os verões excepcionalmente quentes na Europa e as secas em África parecem estar igualmente relacionadas com o aparecimento do El Niño» (Wikipédia).
Fontes:
1 «One forecaster’s view on extreme El Niño in the eastern Pacific», Ken Takahashi (https://www.climate.gov/)
2 «Strong and moderate nonlinear El Niño regimes», Ken Takahashi, Boris Dewitte.
3 «El Fenomeno El Niño 1997-1998 Memoria, Retos Y Soluciones», CAF, 2000.