A seca não é para todos.

terça-feira, 10 de outubro de 2023 · Temas: ,

Somos sensíveis ao tema e não nos cansamos de a ele voltar e nele insistir. Desta vez realizamos uma pequena análise da perspetiva ecológica e pedagógica dos jardins da Escola Secundária da Lixa, e concluímos factos e valores fantásticos, nada compatíveis com o espaço onde se inserem. 


Em primeiro lugar, concluímos a incoerência entre os diversos canteiros, que se espalham de ao longo de todo o recinto escolar. Se a sul e poente neles ainda sobrevivem alguns arbustos autóctones adaptados à falta de água e, portanto, ao clima mediterrânico, a norte, sobretudo junto das imediações da entrada da escola, aqueles foram arrancados para dar lugar a relvados. Quanto a estes, e além da mediocridade ambiental que devolvem à natureza, refira-se que são enormes consumidores de água, para mais num clima cada vez mais carente da mesma e num local onde a educação ambiental tem a obrigação de ensinar o oposto, dando o exemplo. Mas este não está a ser lecionado, pelo menos à custa daqueles mantos verdes que apenas servem para enfeitar a passagem e «inglês ver».

Ao todo ocupam uma área de 681 m², ou seja, 3% da área da escola (cerca de 22000 m²), sendo que os canteiros que, ao ritmo das chuvas, veem crescer espontâneas e outro tipo de herbáceas, ocupam um total de 1810 m², ou seja, 8% da área.

Ora, se considerarmos que cada metro quadrado de relvado plantado consome diariamente cerca de 7 l/m² de água, concluímos que para regar aqueles espaços semeados, dá-se um consumo diário de 4761 litros de água. É um valor impressionante, de benefício duvidoso, e um pesadelo ambiental.


O parque florestal também não se encontra saudável. A escola possui uma diversidade interessante de espécies de árvores, entre folhosas e perenes, cuja incúria levou há um par de anos, por exemplo, ao abate de quatro frondosos exemplares que os entendidos apregoavam poder tombar, visto a inclinação que tomaram devido à falta de poda. Pena foi que os mesmo especialistas que vaticinaram os abates, não tivessem previsto a necessidade do mesmo. Mas se as árvores são alvo de desmazelo, o mesmo não se pode dizer dos canteiros de espontâneas que medeiam as pomposas festas de finalistas ou entrega de diplomas, que para o efeito são frequentemente rapados quase até à rocha mãe. Irónico!

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