Há simplesmente quem não a faça, fartos que estão da paranoia mercantilista em que o natal se tornou, e não é de condenar. Na verdade, por alturas do S. Martinho, ou até mais cedo, surge-nos a Popota, um símbolo incontornável do natal nacional, excitada e aos pulos nos ecrãs televisivos, apregoando não se sabe bem o quê, mas desconfia-se; pela mesma altura, o Lidl, uma multinacional que fatura milhões de euros, sugere que arredondemos os nossos trocos a favor de uma causa nobre; o PingoDoce conta-nos a história da origem do bacalhau e as personagens da publicidade do Azeite Galo retornam novamente à missa. Ai!
Enfim, a essência já se perdeu há muito, ou quase, e é bem provável que haja crianças, adultos até, que ignoram o porquê desta tradição. Quanto muito falam no Pai Natal ou, melhor ainda, na formosa Popota…
Não obstante um certo cinismo, há ainda valores associados à troca. Em primeiro lugar, a necessidade de perpetuar toda a riqueza folclórica associada a esta tradição de séculos. Toda a carga cénica que o natal provoca, é fruto de um complexo conjunto de tradições pagãs e cristãs, cruzadas em vários pontos da Europa, e apropriadas de modo mais ou menos semelhante, um pouco por todo o mundo, de um modo culturalmente interessante. Em segundo, mas se calhar mais importante, o valor simbólico da dádiva e ou da troca, isto num mundo que parece não ter tempo para isso. Por último, a personalização da prenda em função de quem a recebe; estimula a criatividade e o engenho e, em última análise, promove o contacto humano.