A estação meteorológica da Escola Secundária da Lixa, registou hoje, e até ao momento, a temperatura mais elevada do verão: 38,1 °C, pelas 17h09min. Aliás, experimentamos temperaturas muito elevadas ao longo do dia, fruto de uma corrente de leste que deverá continuar mais uns dias, segundo vários modelos de previsão que hoje consultamos.
Mas se a temperatura máxima que divulgamos é factualmente elevada, para muitas pessoas nem por isso se torna incómoda, ou desconfortável, do ponto de vista térmico. Há uma ideia comum de temperaturas "quentes" ou "frias", mas cada pessoa tem uma maneira diferente de lidar com elas. Esta subjetividade depende de vários fatores que podem agir sozinhos ou juntos.
Primeiro, os aspetos ligados ao estado psicológico de cada um, visto que o estado emocional pode influenciar a perceção de temperatura. O stresse, a ansiedade, a felicidade ou tristeza, podem afetar como nos sentimos relativamente ao calor ou frio.Segundo, o metabolismo, independentemente do sexo, idade, peso e altura. As pessoas com metabolismo mais rápido podem sentir mais calor, enquanto aquelas com metabolismo mais lento podem sentir mais frio. De acordo com um artigo publicado na revista Transactions of the American Clinical and Climatological Association, as temperaturas corporais mais altas estão associadas a um aumento do metabolismo, indicando que a temperatura corporal é um indicador confiável da taxa metabólica.
Terceiro, a privação do sono, que pode tornar-nos mais vulneráveis à perda de calor, com uma capacidade reduzida de aquecimento, mesmo com temperaturas que se supões estarem associadas ao conforto térmico.
Quarto, as experiências pessoais, que moldam a tolerância e/ou preferências perante a temperatura. Alguém tenha crescido num clima frio pode ter uma perspetiva diferente de alguém que viveu num clima quente. Para os seres humanos, a temperatura ambiente ideal para o conforto pessoal é geralmente de cerca de 22 °C, os ambientes que se desviam significativamente deste valor tendem a ser considerados demasiado quentes ou demasiado frios, o que pode ser um fator importante que no desenvolvimento dos traços de personalidade, especialmente durante os anos de formação.
Quinto, a idade, que à medida que avança parece comprometer a termorregulação e a eficiência metabólica, levando a uma pequena redução da temperatura global com o envelhecimento.
Fontes consultadas:
- Júnior, Paulo; Sardeli, Amanda - The Effect of Aging on Body Temperature: A Systematic Review and Meta-Analysis;
- Landsberg L, Young JB, Leonard WR, Linsenmeier RA, Turek FW. - Do the obese have lower body temperatures? A new look at a forgotten variable in energy balance.
- Van der Linden S. - On the relationship between personal experience, affect and risk perception: the case of climate change.
- Auer SK, Salin K, Anderson GJ, Metcalfe NB - Individuals exhibit consistent differences in their metabolic rates across changing thermal conditions.
- Scott A. McGreal MSc - Psychology Today - Does Regional Temperature Affect Personality?