Diz a máxima que «maio que não der trovoada, não dá coisa estimada». A sabedoria popular sempre entendeu este mês como o tempo das trovoadas e granizos. De facto, o astro que viaja cada vez mais alto, e durante mais tempo, provoca por esta altura os primeiros calores de monta que aquecem o ar junto ao solo e propicia a sua convecção. Esta, à mistura com a humidade provinda do mar, cria condições para o desenvolvimento de nuvens de grande porte, chuvas fortes e trovoadas.
É precisamente este o estado de tempo que temos observado nos últimos dias em toda a Península Ibérica, num registo exemplar da formação / ação de uma depressão de origem térmica. No passado dia 26, encontrava-se centrada ao largo da costa ocidental de Portugal Continental, originando chuvas no convectivas no interior da massa continental.
Acrescente-se que trajetória desta depressão é incomum à nossa latitude. Avança, em pleno atlântico, de leste para oeste e, aquando desta escrita, está centrada nos Açores. Por sua vez, esta situação só é possível porque o anticiclone homónimo às ilhas, está deslocado para norte, à latitude da Irlanda, não obstaculizando a deslocação setentrional deste cenário atmosférico de cariz tropical.