Algo rápido, mas importante…

domingo, 5 de agosto de 2018 · Temas: ,

Até porque merecemos estas férias desarraigadas, inclusivamente do Geopalavras… Apetece-nos dizer o seguinte: num ano “normal”, as temperaturas que se têm verificado nos últimos dias, não estariam a abrir telejornais e encher as primeiras páginas da imprensa pelo fenómeno que constituem, mas sim pelas consequências que, tal como no ano passado, trouxeram a tragédia ao país.

Plante-se! - Plantação de um carvalho na ESL em janeiro de 2018

Num ano “normal”, o combustível vegetal acumulado ao longo de uma primavera chuvosa, a par das temperaturas hiperbólicas que agora se verificam, bastariam para o país ceder à loucura pirómana das chamas. Mas, felizmente, não é isso que se verifica. E esta constatação, faz-nos pensar na importância da educação como motor da consciência social e no problema dos fogos como a ausência da mesma. Para este, há coincidências simples e análises geográficas complexas.


As primeiras baseiam-se na aprendizagem de valores e conteúdos. Começa em casa, nos bancos das escolas, materializa-se em dinâmicas pedagógicas variadas, vão desde o simples desenho ao teatro escolar e, enraizadas, permitem a perceção do erro. O custo das vidas nos grandes incêndios do estio passado, que todos vivemos dolorosamente por dentro e por fora, foram um erro, mas um motivo para que nunca se volte a repetir.

Os valores educados permitem assim, percecionar traumaticamente a catástrofe, moldando a forma de agir consciente, vigilante e cautelosa, perante o património florestal próprio ou alheio. Neste contexto cabem também, e por exemplo, as regras de limpeza florestal que o Governo impôs há meses atrás, e bem, que para além do seu cariz pratico, consciencializaram e mobilizaram populações. As ações de prevenção, a atitude da comunicação social, e até as incursões do Presidente da República no território ardido, também se incluem. Trata-se da coincidência entre a educação, valores e ação.

Temperaturas da Estações Meteorológicas da rede Wunderground - às 12.45 de 5 de agosto de 2018

As teorias geográficas não são, igualmente, de menosprezar, muito pelo contrário. Até porque o mosaico florestal nacional enferma de enormes problemas estruturais, cuja solução reside, pensamos nós, na atitude política firme. O despovoamento e o consequente abandono agrícola de um certo espaço rural, não necessariamente muito distante do litoral; a manta de retalhos que constitui a estrutura fundiária florestal; os meandros históricos das políticas de reflorestação e seus erros; as mudanças climáticas globais; ou até mesmo o recrutamento, formação coordenação de meios humanos, são um todo complexo que só o Estado, com a sua visão globalizante e capacidade legislativa, poderá solucionar.

Por isto, acreditamos muito que as pequeníssimas ações, às vezes inflexíveis e duras, que tomamos dentro de uma sala de aula, são parte de uma aposta em valores que permitem, mais tarde, o respeito integral pelo património comum. Quanto ao resto, os políticos que façam o que têm a fazer.

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