O relatório da Inês.

sexta-feira, 13 de abril de 2018 · Temas: ,

Há vários de calibre idêntico que poderiam constituir esta publicação, mas decidimos pelo relatório que a Inês Lopes (e no qual interviemos muito pouco) fez sobre uma certa volta a Portugal. Os factos relatados parecem quase propositados, fictícios, mas não. São verdadeiros e constituem-se no relato de quem viveu intensamente 5 dias de uma experiência única, talvez única numa vida, pelos moldes em que assentou. O que Inês sentiu, é comum aos restantes navegantes, todos, e que a propósito, se dispõem a alimentar, literalmente, a recordação.

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- por Inês Lopes

Segunda-feira, dia 2 de abril, pelas 8:30h; estávamos todos reunidos na portaria da escola, ansiosos pela viagem que adivinhava, sem imaginar o tempo bem passado voasse…

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Todos felizes e receosos, entrámos no autocarro e a “barafunda” iniciou-se. Os risos histéricos de felicidade e a música que saía da coluna (que dava muito má música, por sinal), formaram uma simbiose que nos acompanhou até às primeiras paragens. A primeira foi em Espinho, onde só estivemos cerca de 15 minutos. Foi o bastante para eu comer o meu “manhazito” à beira da praia e voltar para o autocarro.

Já na segunda paragem, estivemos mais tempo “em liberdade” pois também era a hora do almoço. Fomos largados em Aveiro, onde eu e o meu grupo de “cocós reciclados” pegamos no farnel e fomos para dentro do shopping comer e fazer figuras com sandes de atum e rissóis do tamanho de panados. Uma diversão!

Depois, fomos em direção às Grutas de Mira Daire e, além serem lindas, a Rafaela fez amizade com uma burra, que guinchou muito quando a viu partir. No final da jornada, e quando o dia já estava a acabar, seguimos para a Lourinhã, mais precisamente para a pousada da Areia Branca À chegada, só tive tempo de pegar na camisola do meu Porto, e começar a ver o jogo (de infeliz sina, admito). Na verdade, e enquanto toda a gente estava a jogar às cartas e a rir-se, eu estava a sofrer com o jogo!

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Após os consolos de final de partida, fomos comer um gelado e foi aí que fiquei mais animada com o belo efeito proporcionado por duas bolas de gelado de Kit-Kat e chocolate, que deram muito trabalho de deglutição à Sofia, que acabou por sujar, imagine-se, a minha camisola e o seu nariz com o seu gelado. No fim da noite, voltamos à pousada, fiz algumas chamadas e estive no quarto dos rapazes por um tempo, mas, como tínhamos que fazer o relatório diário, eu e a Sofia voltamos depressa para o nosso quarto e estivemos a fazer o relatório juntas para depois dormir.

3 de abril de 2018.

No dia seguinte, bem cedo, tomamos o pequeno almoço na pousada e descobri que odeio leite frio com chocolate, e que os iogurtes pela manhã, me deixam maldisposta. Previa-se que este fosse o dia mais cansativo de toda a viagem, pois só acabaria em Portimão. Partimos em direção a Setúbal para cruzar o estuário até Troia, a bordo de um ferry. Mas, não foi fácil encontrar o cais de embarque… após mil e um diálogos para encontrar o encontrar, lá demos com ele! Entrámos, e eu e a Sofia estivemos quase o tempo todo a reencenar a cena do Jack e da Rose no filme Titanic (inclusive até temos vídeos desse momento).

Rumados a sul, chegamos a Sines pela hora de almoço. A nossa primeira preocupação foi encontrar um Mc Donalds que pudesse saciar a nossa fome e, como seria de esperar, tal dito, tal feito. Avistamos um Mc e fomos a quase a correr, tal como os tolos, na sua senda. E valeu a pena! Mais, no Mc, até me deram, ao engano, mais comida do que a que tinha pedido, o que foi uma chatice… como se pode imaginar. Já de tarde, seguimos para Sagres, ao longo da Costa Vicentina, e ali fizemos uma paragem que nos acabou por nos render umas belas pics para o Instagram; isto apesar do vento…

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O dia estava quase no fim. Instalamo-nos numa pousada que parecia espetacular, e fomos jantar ao shopping de Portimão… Aí, o azar começou. Eu e a Sofia não sabíamos onde jantar, apenas sabíamos que queríamos massa então decidimos ir comer à Pizza Hut uma massa no forno. Que má escolha! A massa foi cara e, para mais, sabia mal.

No regresso à pousada, fomos tomar banho e deparamos com o “bicho mais horrível à face da Terra”, em pleno balneário feminino. Foi o pânico, pois o bicho entrou dentro da minha cabine de duche e ficou a mirar-me durante uns valentes dez minutos. Qua morri de ataque cardíaco!

Ainda meio em choque, eu e a Sofia fomos para o quarto fazer o relatório e, numa noite em que contávamos adormecer cedo pois estávamos muito cansadas, acabámos por adormecer mais tarde do que pensávamos pois atrasamo-nos no relatório. Estava assim concluído o segundo dia de viagem.

4 de abril de 2018.

No terceiro dia, já sabíamos que seria mais “soft” pois íamos ter tarde toda livre em Évora. Contudo, não abandonamos o Algarve sem antes passear pela Praia da Rocha, onde já se respirava o verão. O caminho da capital norte alentejana, fizemos uma paragem em Beja, que serviu para eu fazer as necessidades fisiológicas que não fiz em Portimão, por causa de uma certa barata! Ai…

Em Évora, destaco esta tarde como a melhor tarde da visita! Eu e o meu grupo de “cocós reciclados” aproveitamos o tempo para fazer amizade com senhores locais e estudantes da universidade da terra, e até tivemos tempo para cantar com um violinista. Para mim, o melhor momento da visita! Como eu estava com a camisola do Porto vestida, quase todas as conversas com os eborenses começavam com “picardias” saudáveis sobre o futebol, o que me deixou muito mais feliz pois, como toda a gente sabe, o futebol é uma paixão muito grande minha. Descobri também que maior parte, senão todos os habitantes de Évora são do Sporting… coitados!

Às 18h encontrámo-nos todos à frente da pousada e fomos todos arranjarmo-nos para jantar fora e depois sair à noite. Depois deste longo processo, o meu grupo decidiu que não ia jantar a nenhum estabelecimento, e sim que ia “acabar” com os “restos” de panados e rissóis do primeiro dia de viagem. E assim aconteceu… sentadas numas mesas no meio da Praça do Giraldes.

Às 22h, como combinado, fomos ter outra vez à pousada e, o que ia ser uma saída à discoteca… acabou por ser uma visita à gelataria, onde os rapazes comeram “mousse” que se fartaram. Quando chegámos ao quarto, nós (as raparigas do meu quarto) estivemos a arrumar a loucura das malas. Eu e a Sofia fomos também fazer o relatório que acabou, tal como na noite passada, muito tarde. Estávamos com tanto sono que a Sofia deu grande cabeçada no beliche. Uma risota que terminou naquela cama tão confortável, pondo o ponto final num dia muito longo.

5 de abril de 2018.

No dia seguinte, e quando a nostalgia da viagem já nos atingia mesmo antes desta ter acabado, saímos de Évora e rumamos em direção a Monforte. Pessoalmente, fiquei um pouco triste com a saída de Évora pois foi uma terra que me tocou, principalmente pela amabilidade das pessoas. Mas seguindo em frente; chegámos a Monforte e eu e a Sofia fomos a um mercadinho abastecer as nossas mochilas com comida. Quando passeamos nas ruas, não vimos ninguém com menos de 35 anos de idade… como já tinha dito no mini relatório, parecia uma vila parada no tempo. Foi algo que a mim me fez muita confusão…

Após esta pequena paragem, seguimos para Castelo Branco, onde almoçamos. Acabei por ligar a uma amiga nossa, minha e da Sofia, que conhecemos na Universidade Júnior no Porto, no verão passado. Veio almoçar connosco e foi muito bom revê-la passado quase um ano! Rimos muito, comemos um hambúrguer espetacular e dissemos adeus a Castelo Branco e à nossa amiga Maria.

Depois fomos para Monsanto, uma aldeia maravilhosa, com uma alma portuguesa incrível. Apesar da longa “escalada” granítica até ao seu topo e castelo, o esforço foi compensado por uma vista fantástica. Sei bem que Monsanto é muito aproveitado turisticamente, mas, mesmo assim, achei que não perdeu a sua identidade. É a “aldeia mais portuguesa de Portugal”.

Após sairmos de Monsanto, apenas fizemos uma paragem na Covilhã, onde os professores se juntaram e compraram comida para todos. Logo após, dirigimos-mos para a pousada da Serra da Estrela, e tivemos um amor à primeira vista com a sua sala de convívio, pois parecia uma discoteca e até tinha um DJ! Então, depois de nos instalarmos e de jantarmos, fomos dançar até à meia-noite, conjuntamente com as outras escolas que estavam instaladas na pousada. Ora, como estava tudo muito cansado, não demorou muito para que as raparigas do meu quarto “aterrassem” logo que chegaram à cama, o que fez com que eu e a Sofia fossemos as últimas a adormecer pois, mais uma vez, acabámos tarde o relatório.

6 de abril de 2018.

No último dia tivemos, logo pela manhã, uma experiência quase única para mim pois já não via neve desde 2008! Fomos ao topo da serra da Estrela e, consequentemente, deliramos com neve. Demos umas boas gargalhadas que, misturadas com gelo e neve, formaram a manhã perfeita. De seguida, fomos em direção a Viseu, onde almoçamos e, no fim, seguimos para a Lixa, dando por completa a nossa viagem.

Tenho três coisas a reter desta experiência… A primeira é que o Alentejo é, definitivamente, muito calmo para mim; a segunda é que a união e o bom ambiente entre todos faz a força; e a terceira é que o nosso país tem um pedaço da sua alma em cada canto e é isso que nos faz tão especiais.

Agradecer a oportunidade de fazer esta viagem é pouco e será, certamente, uma semana que nunca vou esquecer! O mais marcante de tudo foi o convívio que, como sempre entre nós, foi muito bom. Espero ter outra viagem assim em breve, embora saiba que não vai acontecer.

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