Gostamos muito de ler a entrevista que um antigo professor nosso, concedeu ao Público, sobretudo pelo arcaboiço das suas afirmações. A reter.
«Para mim Portugal não é uma unidade. E isso é uma questão que já vem da formação de geógrafo, com o Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico [De Orlando Ribeiro, 1945], onde se aprende essa espécie de país-mosaico, que depois a evolução histórica, quer do tempo longo, quer do tempo recente, ainda torna mais opaco […] o todo não existe. Ele insinua-se, em diferentes contextos, e isso é o país».
«Nós temos aquela coisa, que se calhar nos vem do iluminismo, de querer apanhar o todo, de fazer uma produção de sentido, de causa e efeito, de ter as coisas todas encaixilhadas como se fossem um texto muito bem organizadinho. E isso é apenas uma fuga à realidade. Já que a realidade é tão tumultuosa e tão instável, nós preferimos olhar para ela de maneira mais ordenada, porque isso nos diminui a ansiedade».
Fonte: Entrevista a Álvaro Domingues, a propósito da edição do seu último livro: “Volta a Portugal” - Jornal Público, em 31 de dezembro de 2017 (entrevista conduzida por Abel Coentrão).