De todos os ventos, o mais desejado, porque mais suave e morno, é a brisa. Sopra ao fim da tarde, batalhando o calor deixado pelo vento leste, e quando se agiganta, avança, conquista território, e arrefece paragens que não são as suas. Trava, no entanto, uma luta desigual, na força e no tempo. Por isso, a frescura que a brisa traz, é sempre uma delícia efémera.
Muito poético. Tão sugestivo que me remeteu para o soneto de Bocage que, entre outros elementos da natureza, fala de Zéfiro o deus desta brisa, que afaga os humanos e traz com ele o poder do amor e da fecundação:
ResponderEliminarOlha, Marília, as flautas dos pastores
Olha, Marília, as flautas dos pastores,
Que bom que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-te! Olha não sentes
Os Zéfiros brincar por entre as flores ?
Vê como ali, beijando-se os Amores
Incitam nossos ósculos ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!
Naquele arbusto o rouxinol suspira,
Ora nas folhas a abelhinha pára,
Ora nos ares sussurando gira:
Que alegre campo! que manhã tão clara!
Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira,
Mais tristeza que a morte me causara.
Mais uma das enormes sugestões do Professor Matos! Já agora, dada a situação geográfica da Grécia, rodeada pelo mar, com exceção a norte, os ventos irmãos de Zéfiro, Bóreas - norte, Noto – sul e Eurus – leste, têm um comportamento climático deferente do que se verifica na Península. Arriscando, diria que o nosso vento leste corresponde, aproximadamente, ao helénico Bóreas (norte).
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