Sobre os rankings escolares publicados durante este fim-de-semana, seja qual for a análise e o critério de ordenação, os primeiros lugares são ocupados por escolas privadas e algumas repetem os lugares cimeiros há anos. Contudo, o que os rankings não dizem é que a estrutura familiar (se é que às vezes existe), a subnutrição, o comportamento, o saber estar e uma visão turva do futuro, não constituem problemas e preocupações dos colégios, onde a prioridade dos resultados é uma tarefa obviamente facilitada. Escamotear isto é cinismo, o mesmo que se traduz em rankings, que valem o que valem.
Na verdade, é este papel estruturante que distingue a escola pública dos colégios privados. Aquela sinaliza alunos sujeitos a abusos, imiscui-se protectoramente na sua vida pessoal, apoia alunos com necessidades educativas especiais, casos de subnutrição, desdobra-se a procurar material (manuais escolares, máquinas de calcular, etc.), realiza viagens de estudo e passeios pedagógicos que muitas das vezes se tornam na “grande viagem” de toda uma adolescência, dá carinho e conforto.
Baseiem-se em rankings e rácios financeiros, acabe-se com a escola pública, e deixam-se “órfãos” milhares de crianças, entregues a famílias e a uma realidade que não devia ser sua.