Mais tarde ou mais cedo, teremos de discutir no nosso país a possibilidade da exploração do shale gas (gás de xisto), um combustível, que podemos encontrar aprisionado em formações de xisto. Com o estado da tecnologia atual, a sua exploração é muito criticada e até mesmo polémica. Mas também há também opiniões bastante favoráveis à sua exploração, visto ser um recurso mais barato e menos poluente no seu consumo, face aos combustíveis convencionais.
Como o xisto, uma rocha metamórfica, tem como característica a impermeabilidade, a exploração deste gás é apenas possível recorrendo a uma técnica: o fraturamento hidráulico. Trata-se de um «método usado para quebrar as formações rochosas contendo petróleo e gás, criando corredores para que o combustível flua da rocha até um poço produtor. Isto é conseguido usando a pressão hidráulica a fim de injetar um fluido contendo areia ou outro material abrasivo na rocha, sempre com força suficiente para causar fissuras».
É como se tentássemos lavar um formigueiro abandonado, por hipótese escavado em subsolo de xisto; injetávamos, com pressão, água e outros produtos químicos (para criar porosidade e impermeabilidade artificialmente) numa das entradas, esta percorreria os labirínticos caminhos do formigueiro, criaria outros, e na sua passagem arrastaria tudo até uma determinada saída – um poço.
Ora, o problema desta técnica, fundamental para a exploração do gás de xisto, reside sobretudo na contaminação de lençóis freáticos e no uso e poluição de grandes reservas de água, usadas no processo. Mais, cerca de 50% da lama ou fluidos injetados na perfuração permanecerá no subsolo e outra parte da lama contaminada continuará na superfície, em reservatórios de contenção, ao longo da vida do poço.
Por último, e segundo estudos recentes, provou-se que o uso do fraturamento hidráulico causaria pequenos abalos sísmicos, ainda assim suficientes para serem sentidos e provocar danos.
As reservas nacionais.
O maior produtor mundial de gás de xisto são os Estados Unidos da América. Este país iniciou a sua produção já no séc. XIX, mas só nos anos 70, com a diminuição das reservas de gás natural convencional, é que exploração do recurso ganhou impulso. Inclusivamente, estima-se hoje em dia que as reservas deste gás na América do Norte, tenha capacidade para abastecer o país nos próximos 45 anos.
Portugal também possui gás de xisto. Aponta-se a existência de depósitos no litoral centro/sul e no Algarve, mas é a formação da Brenha, que abrange os Concelhos do Bombarral, Cadaval, Alenquer, que se apresenta com maior potencial.
Um perigo ou uma solução energética?
Mas se é importante encontrar alternativas aos combustíveis fósseis, também importa «garantir que esses recursos são explorados respeitando o ambiente e na energia nada é, na verdade, amigo do ambiente»1.
Neste momento em Portugal, há apenas esboços e artigos jornalísticos sobre o tema e, mesmo a nível europeu, reina uma espécie de desnorte, onde cada país segue a sua política. A França, por exemplo, proíbe a sua exploração, ao passo que a Polónia aposta fortemente nesta nova fonte energética. Assim, e perante a encruzilhada da dependência de recursos energéticos, os galopantes preços dos combustíveis fósseis e o compromisso ambiental, o assunto surgirá perante a opinião pública, que terá de o refletir e debater.
1 Philip Lowe em www.rr.sapo.pt em 27 de maio de 2013.
Fontes: http://www.manutencaoesuprimentos.com.br em 21 de março de 2012 / http://pt.euronews.com em 20 do 5 de 2015 /http://pt.euronews.com em 2 de novembro de 2012 / http://rr.sapo.pt em 27 de maio de 2013 / http://expresso.sapo.pt em 6 de fevereiro de 2012 / http://www.propublica.org/series/fracking / http://www.eia.gov/energy_in_brief/article/about_shale_gas.cfm