A edição deste ano da feira de S. Martinho foi abençoada com a presença do Santo mais popular do Outono e que até lhe dá o nome. O Santo, vestido a rigor e de sorriso ambíguo, deambulou por entre pregões, tronchudas e doçaria mas, que se saiba, nada comprou! Fala-se, em sussurro, que a crise já chegou a paragens bem mais elevadas… e por isso, os Santos já não são o que eram.
Este que nos visitou, por exemplo, surgiu-nos montado num cavalo de pau imagine-se… e aparentava uma tal pinta de futebolista que foi por um triz que não desatou a dar autógrafos aos crentes que, meio embasbacados, o viam passar. O Mendigo, que também faz parte da história, lá o seguiu afoitamente para todo o lado à espera do famoso milagre do “Verão de S. Martinho”. Todavia, com tantos fãs / fiéis concentrados no Polivalente da escola, o Santo até se esqueceu dos seus dotes Milagreiros e do Verão… nem vê-lo!
Alheados a tal divindade, estavam os feirantes de palmo e meio que se mostravam muito mais interessados em aviar a enorme quantidade de doçaria, que estorvava nas bancas das barraquinhas, do que prestar atenção a um cavaleiro de elmo e sandálias, vestido de capa vermelha e equipado de espada à cintura e um cavalo postiço...
À medida que a feira se ia aproximando do fim, a música foi mudando de ritmo e o som aumentando de volume. Por isso, ninguém lhe ficou indiferente. Toda a gente dançou e sabemos, de fonte segura, que não fora os Superiores compromissos divinos, o próprio S. Martinho daria um pezinho de dança ao ritmo dos Buraca Som Sistema, para abrir a pista e provar que a tradição já não é o que era.
Efectivamente, se por esta altura era hábito provar o vinho e com ele comer castanhas, na feira houve quem ousasse outro tipo de misturas mais próprias da modernidade: cachorro com coca-cola galega, crepe com meia de leite ou mesmo uma brutal fatia de bolo de chocolate e gasosa a acompanhar. Tudo coisa saudável está-se mesmo a ver.
Esta foi também uma edição de autênticas pechinchas! Senão vejamos: galinha viva, ou melhor, moribunda por quatro euros; coelhos a cinco; peixes de aquário por dois e até mesmo um periquito (em estado de semi-ataque cardíaco) com gaiola e tudo por apenas 6 euros!
A biblioteca da escola também esteve presente com uma inspirada banca de livros usados. Havia livros para todos os gostos e preços também, contudo o destaque vai para um promissor best-seller chamado “Jesus Disse” que, está-se mesmo a ver, deverá estar repleto de soluções para a crise que infelizmente reina no nosso país. Por isso, cá esperamos ansiosamente que este manual seja adoptado por todos e o seu uso intenso. Para o ano, prometemos voltar e fazer um balanço.
Foi um S. Martinho inesquecivel ! :D
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