Entrudo ou entroido, deriva do latim introitu e significa entrada no período pascal, no qual se diz adeus à carne, o que em latim se traduz por “carne, vale”, ou seja, carnaval.
Esta festa popular tem raízes nas festas Saturnalinas (festas em honra de Saturno cujos ritos e cerimonias tinham como objectivo despertar do novo ciclo da Mãe / Natureza) e Lupercais, celebradas na antiga Roma, em meados de Fevereiro, em honra do deus Pan, protector dos pastores e dos rebanhos. Destas, emana a expressão popular: «é Carnaval, ninguém leva a mal», que resulta do carácter devasso daquelas festas primordiais, hoje em dia subliminarmente diluído, por exemplo, na cor e som dos carnavais brasileiros.
Na imagem: um extracto de uma pintura de Pieter Bruegel, em 1559, que retrata uma festa de Carnaval no sul da Holanda. |
Este é também o momento que assinala o fim do Inverno e a caminhada para a Primavera. É momento da purificação das pessoas e das comunidades, que se dava (e dá) através de rituais sociais de destruição pública, pelo fogo, de figuras alusivas ao passado, de «chocalhadas» (um ritual dos pastores que, antigamente, retiravam os chocalhos das ovelhas para os chocalharem estridentemente pelas ruas da povoação) ou mesmo do rito espalhafatoso dos caretos nordestinos.
Com o aparecimento da cultura cristã o Entrudo aparece como celebração fortemente ligada ao período de abstinência, imposto durante o período da Quaresma. Na Idade Média, há referências a comemorações um pouco por toda a Europa, onde as «festas eram embaladas por canções que ironizavam os costumes e os governantes. Batalhas de água, ovos e outras substâncias de odor forte também ajudavam a diversão». Pelas características pagãs do Carnaval, as relações entre a Igreja e os foliões nem sempre foram cordiais. Prevaleceu uma relação de tolerância, por parte da Igreja, em relação à festa popular.
Seja como for o Entrudo ou Carnaval seria, e é, uma festa cujo significado e vivência estará sempre de acordo com a cultura de cada povo. Representando um subconsciente colectivo, não deixa de ser, também, uma festa de liberdade, onde tudo é permitido fazer-se, e onde preceitos e costumes se esquecem para permanecer durante três dias o quase «vale tudo».
- Wikipédia
- António A. Pinelo Tiza (www.caretosdepodence.no.sapo.pt)
- gastronomias.com