O Apóstolo São Tiago (a palavra latina para Santiago é Iacobus de onde vem a palavra Jacobeu, Iacobeu em Latim e Xacobeu em Galego) era um dos discípulos de Cristo que, em 43 d.C. partiu para Espanha para pregar e no regresso foi decapitado pelo Rei Herodes da Judeia. Santiago foi o primeiro mártir de entre os apóstolos e, segundo a tradição, foi trasladado de barco até à Galiza para ali ser sepultado no lugar de Compostela (depois chamado, em sua honra, de Santiago de Compostela).
Segundo a investigadora do Centro de Estudos Galegos da Universidade Nova de Lisboa, Ana Mendes, «não há certezas quanto à data da descoberta do sepulcro apostólico, mas a maioria das fontes católicas apontam datas entre 813 e 820. A lenda conta que um ermitão do bosque de Libredón, de nome Pelágio (ou Pelaio), observou durante algumas noites seguidas uma “chuva de estrelas” sobre um monte do bosque. Avisado das luzes, o bispo de Iria Flávia, Teodomiro, ordenou escavações e encontrou uma arca de mármore com os ossos do santo e dos seus discípulos».
Nesse local, «Campus Stellae», de onde se crê provir a palavra Compostela, foi erigida uma capela para proteger a tumba do apóstolo, que se tornou um símbolo da resistência cristã aos ataques dos mouros, e mais tarde a imponente Catedral de Santiago de Compostela (Ana Mendes) em honra do Santo que se tornou no patrono da Galiza, e depois de toda a Espanha, e é por excelência o padroeiro da Península Ibérica, pois segundo a lenda católica foi o apóstolo que procedeu à sua evangelização.
A Cidade de Santiago de Compostela tornou-se assim, num dos mais importantes locais de peregrinação do mundo cristão, sobretudo na Idade Média. Os caminhos de Santiago passaram, por isso, a designar um conjunto de rotas, pejadas de albergues e hospícios dedicados ao santo, que cruzavam a Europa Ocidental até Santiago de Compostela, através do Norte de Espanha.
A este propósito, Ana Mendes acrescenta que «muito antes da data apontada pela igreja para a descoberta da tumba do apóstolo, existia uma rota de peregrinação (romana e anteriormente celta), que ia do extremo Este ao Oeste de Espanha, até Finisterra. Este velho caminho de peregrinação simbolizava a viagem do sol de Oriente para Ocidente, “afogando-se” no oceano para voltar a surgir no dia seguinte. O renascer do Sol estaria intimamente ligado com o renascer da vida; fala-se também de uma rota para o templo de Ara Solis em Finisterra, erigido para honrar o Sol. Hoje em dia, são muitos os peregrinos que chegando a Santiago resolvem continuar o Caminho até Finisterra o que põe em causa a definição da rota apenas como uma peregrinação religiosa católica».
O Caminho de Santiago é em terra o desenho da Via Láctea, porque esta rota, que se situa directamente sob a mesma, indica a direcção de Santiago, tendo servindo assim, na Idade Média, de orientação durante a noite aos peregrinos. Esta associação deu ao Caminho o nome de Caminho das Estrelas e fez com que a chuva de estrelas seja um dos símbolos do culto jacobeu, juntamente com a Vieira, a Cabaça e o Bordão (Ana Mendes).
O Ano Jubilar Compostelano.
O Jubileu é celebrado desde a Idade Média, por disposição papal, quando o dia do apóstolo Santiago (25 de Julho) coincide com um Domingo, o que sucede habitualmente cada 6,5,6 e 11 anos.
O Jubileu Compostelano, que concede desde a sua origem indulgências especiais aos fiéis, estimulou a visita de peregrinos de toda a Europa à catedral de Santiago de Compostela. Esta celebração religiosa tem início da tarde do dia 31 de Dezembro anterior ao início do Ano Jubilar e termina no mesmo dia, um ano depois.
Quem visita a Catedral deve procurar o local onde se encontra o corpo de Santiago e aí rezar pelo menos uma oração. É também exigida a confissão e comunhão no mesmo dia da peregrinação ou quinze dias antes ou depois desta, mas estes sacramentos podem ser cumpridos em qualquer lugar, e não obrigatoriamente na catedral.
O Caminho de Santiago Português.
Ainda que as peregrinações portuguesas ao sepulcro do Apóstolo existam já desde a época Medieval, é a partir da formação do Reino, nos meados do século XII, que se intensificam. Esta rota, pouco usada no século passado, começou a revitalizar-se na última década convertendo-se, actualmente, na segunda rota mais utilizada depois do Caminho Francês.
O Caminho Português a Santiago de Compostela acompanha, aproximadamente, a antiga via Romana número XIX do Itinerário de Antonino, entrando em Espanha por três pontos: Tuí, cidade fronteiriça a Valença do Minho, Portela do Homem, no Parque Nacional da Peneda-Gerês e Faces de Abaixo, a norte de Chaves (Walter Almeida).
Assim, e em bom rigor, não se pode afirmar que exista apenas um caminho Português. Existem sim, vários percursos identificados por várias associações e entidade competentes (a sinalização do Caminho é feita com setas amarelas e placas de identificação).
Do Porto temos a opção de seguir por Barcelos (cuja a lenda jacobeia do Galo, é análoga à de uma outra localidade da Galiza, Santo Domingo de la Calzada) ou Braga e de uma destas cidades, jogar com uma série de hipóteses: Ponte de Lima, Ponte da Barca, Caminha, etc., até à fronteira. De todas as passagens a mais utilizada pelos peregrinos procedentes da região do Porto é a de Valença do Minho – Tuí.
Os Caminhos de Santiago são percorridos, todos os anos, por milhares de peregrinos (a palavra peregrino vem do Latim peregrinus - literalmente pelo campo - coisa bastante comum no passado para evitar encontros indesejáveis com bandidos e salteadores).
A viagem e as etapas da peregrinação devem ser extremamente bem planeadas dadas as exigências físicas e psicológicas das mesmas. Contudo, decidir partir e cumprir estas etapas de peregrinação, é acima de tudo um enorme exercício de fé.
Fontes:
- Wikipédia
- “Caminhos Portugueses de Peregrinação a Santiago de Compostela” - Ana Mendes, CEG, UNL - 2005.
- “De Valença do Minho a Santiago” - Walter Almeida.
- http://www.xacobeo.es/
Já sei qual pode ser o prximo sábado diferente. Ir até Santiago de Compostela a pé :)
ResponderEliminarAlguém alinha?
:)
Uhmmm! Acho que vou pegar na sugestão da Rita e torná-la avaliável... De qualquer modo pode muito bem ser uma ideia para qualquer coisa daqui até ao fim do ano.
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