Por que muda a hora?

domingo, 25 de outubro de 2009 · Temas:

«Se bastasse ler a história para entender a razão da mudança da hora, a resposta seria fácil. Tudo começou com Benjamin Franklin, o político e inventor do pára-raios e das lentes bifocais. Em 1784, num artigo publicado num jornal francês, Franklin sugeria que a França adiantasse uma hora no Verão, alegando que Paris poderia poupar anualmente 32 mil toneladas de cera de vela. Só mais de um século depois é que a sugestão seria tida em conta, no contexto da Primeira Guerra Mundial, para economizar energia.

Os governos europeus decidiram, assim, adiantar os seus relógios uma hora, inaugurando a chamada "hora de Verão". Consequentemente, os dias passaram a acabar mais tarde e menos energia era consumida. Mas, com o desenvolvimento das sociedades, o pretexto de poupança energética perdeu força e deixou de justificar por si só mudanças no compasso do tempo. Por isso, se hoje quisermos explicar por que muda a hora em Portugal, teríamos de partir de um palavrão - a cronobiologia, ciência que estuda os ritmos biológicos. [...] o relógio biológico do ser humano dita ao organismo os ritmos que afectam o sono, o apetite, os níveis de energia e atenção e outros aspectos da nossa fisiologia. Mas tem um senão. "O nosso ciclo interno tem mais de 24 horas e, para se manter alinhado com o ciclo de rotação da Terra, precisa de um sinal: a luz solar", explica Susana Salgado Pires, especialista em cronobiologia.

"Ora, se durante o Inverno acordarmos antes do nascer do sol, fizermos a nossa rotina matinal quase às escuras e chegarmos ao trabalho ainda de noite, dificilmente o nosso cérebro vai aceitar que é de dia", diz a investigadora, que se doutorou em Biomedicina com o professor inglês Russell Foster, um dos mais conhecidos cientistas na área da cronobiologia.

A contribuir para essa dormência está a melatonina. A chamada "hormona do sono" é segregada por uma glândula cerebral à medida que anoitece, atinge o seu pico na primeira parte da noite (até às duas da manhã) e começa a inibir-se a partir do momento em que a luz aparece.»

Fonte: Jornal Público (adaptado).


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