O tempo estival é pródigo na criação de notícias lúdicas, curiosas, bizarras até, na imprensa nacional e internacional. Neste último fim-de-semana, nem mesmo a força das novidades financeiras, que a realidade tem imposto ao quotidiano informativo nacional, afastaram a aparição de uma belíssima fotografia, obtida a partir da Estação Espacial Internacional, que foi publicada e replicada vezes sem fim nos vários sites noticiosos nacionais.
Houve quem lhe chamasse «Portugal iluminado», «Portugal em pontinhos de luz», «Portugal visto do espaço», «NASA divulga fotos de Portugal visto do espaço» ou «Portugal visto à noite do espaço é assim», entre muitos outros títulos deste calibre. Na verdade, e com exceção das Ilhas dos Açores e da Madeira, não haja dúvida que Portugal, Continental, surge na fotografia, mas não só.
Na verdade, a fotografia não destaca propriamente um país, mas sim uma unidade territorial, a Península Ibérica. E, se do ponto de vista do povoamento se poderá relevar um ou outro vinco fronteiriço, do ponto de vista físico, dificilmente. Como costumamos dizer, as montanhas, os rios, a fauna e a flora, não terminam na fronteira, há um contínuo que nos determinou, e determina, ao longo de séculos.
Não obstante, a fotografia dá-nos também a bicefalia nacional; Madrid no centro da Península; a litoralização, lá como cá; o Tejo e o Guadalquivir como prumo de povoamento ribeirinho; um Alentejo e uma Andaluzia despovoados e, acima de tudo, uma beleza enorme.
