O paredão da praia D. Amélia.

terça-feira, 29 de abril de 2014 · Temas:

- Por Margarida Miranda.

A subida do nível médio das águas do mar causa estragos visíveis essencialmente ao nível da costa litoral. Exemplo desses mesmos estragos foi a queda do paredão da praia Dona Amélia, em Vila do Conde, exemplo que usarei nesta foto-reportagem.

Paredão da Praia da Dona Amélia

Mas os estragos não se devem somente à natureza mas também à ação do Homem. A questão que atormenta as pessoas que vivem na zona litoral, as que lá trabalham, assim como as dos cientistas, ambientalistas e mesmo políticos, é como travar o recuo da linha de costa litoral, que se prevê que seja ainda maior. Já muitas praias outrora formadas por grandes areais, passaram a ser constituídas somente por rochedos e, este cenário, será mais frequente e abrupto.

Este recuo agravar-se-á se o Homem não parar de emitir poluentes que aumentem o efeito de estufa que, por sua vez, faz com que haja o derretimento das calotes polares. Consequentemente aumenta o nível médio das águas do mar… ao derreter o gelo, menos calor é refletido, pelo que, também contribui para o aumento da temperatura e volatilização da água, ou seja, aumento do nível médio da água. Também outra atitude do Homem que acelera o recuo da costa litoral é o excessivo número de barragens que se tem construído ao longo do caudal dos rios, reduzindo a quantidade de sedimentos transportados para os mares. Assim, com a diminuição do areal, diminui a barreira que trava a energia do mar, acelerando o avanço do mar pela costa, destruindo solos e infra-estruturas como paredões, bares e até mesmo habitações.

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A praia Dona Amélia, em Vila do Conde, é o destino escolhido por mim e pela minha família na época balnear, há pelo menos, dez anos.

Praia com água fria, rica em iodo, com um grande areal e um passeio largo e extenso, resguardado por um paredão, por onde a população local e banhistas efetuavam longas caminhadas.

Foi com grande espanto e incredulidade que, em janeiro deste ano, recebemos a informação de que grande parte do paredão e do passeio desta praia, havia caído, consequência da ação erosiva do mar ao longo deste inverno.

Assim, no dia 16 de março, desloquei-me à praia, munida de uma máquina fotográfica, a fim de confirmar os acontecimentos que me haviam sido relatados e obter registos fotográficos para esta foto-reportagem.

Fiquei estupefacta com a dimensão dos estragos (evidenciados nas fotografias 1 e 2). À medida que me aproximava era mais evidente a ação do mar sobre a linha de costa. O areal havia diminuído e o paredão e o passeio tinham cedido (fotografias 3, 5 e 6) porque o mar tinha erodido o solo onde estes se encontravam, provocando a queda dos mesmos. Consequentemente, parte dos destroços foram arrastados ao longo do areal em direção ao mar (fotografia 4).

Com a queda do paredão, a população residente perto do mesmo, como é possível observar na fotografia 2, ficou desprotegida e em perigo!

No sentido de minimizar os riscos e perigos nesta e noutras zonas litorais e habitadas, várias atitudes deveriam ser tomadas, umas com impacto a curto prazo, como a reconstrução do paredão, reposição artificial de areia e, sempre que o justifique, o realojamento da população. Com impacto a médio e longo prazo, impedir novas construções perto da linha de costa; reduzir o número de barragens de forma a aumentar a passagem de sedimentos para o mar e, assim, aumentar a reposição de areia nos areais e travar a ação da energia das ondas do mar; reduzir a emissão de gases com efeito de estufa evitando que a temperatura média continue a aumentar.

Todos os atos humanos têm consequências, pelo que devem ser executados pensando nas mesmas tanto a curto como a longo prazo!

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