A dependência da luz solar.

terça-feira, 4 de março de 2014 · Temas: , ,

É por demais evidente a necessidade humana da luz solar. Esta providencia-nos calor e luz que estimulam a circulação sanguínea e um bem-estar geral. Se do ponto de vista biológico a luz solar (alguma da sua radiação ultra violeta) é determinante, por exemplo na produção de vitamina D (fundamental para a absorção do cálcio e do fósforo existentes nos alimentos), no que respeita à psicologia, surge-nos como um importante regulador da nossa atividade e também como imunossupressor.

LuzSolar Pq

Na verdade, tal como todas as espécies, o ser humano apresenta um relógio interno que controla os períodos da sua atividade e inatividade. Este relógio, regulado pela luz solar, pauta o nosso ritmo diário: mantém-nos mais agitados e alerta durante as horas de sol e, quando anoitece, determina um aumento da produção de melatonina, importante no nosso repouso e sono.

Referida a sua importância, importa referir as consequências da sua falta. Uma das mais frequentes é a SAD (Seasonal Affective Disorder), uma espécie de depressão sazonal, resultante da pequena duração do dia natural. Neste sentido, a abstinência da exposição à luz solar direta, devido ao mau tempo por exemplo, impossibilita a produção de serotonina e endorfina, dois neurotransmissores, que nos fazem sentir bem. Não é por acaso que na primavera e no verão, quando as hipóteses de exposição à luz solar são maiores, nos sentimos naturalmente melhor, por contraste aos dias nublados e ou de chuva. Daí o adágio de aconselhar o sol a quem está triste.

Contudo, o ser humano prospera nos quatro cantos do mundo não por acaso. A sua resiliência permitiu-lhe encontrar formas de superar a diminuta duração de luz solar, sobretudo nas elevadas latitudes, e inclusivamente no inverno, através de uma alimentação rica em vitamina D, tal como os peixes gordos ou o famoso óleo fígado de bacalhau. Por outro lado, estudos mostram que o ser humano consegue superar a ausência da luz solar, adaptando o seu relógio interno em função daquela privação.

Porém, esta adaptação não é imediata e poderá até não ser total. De facto, se biologicamente o corpo consegue dar resposta à falta da luz solar, psicologicamente a adaptação essa resposta pode nunca vir a acontecer. A matriz cultural dos povos do sul, habituados ao grande número de horas de sol, e às atividades daí derivadas, dificilmente se adaptam às seis horas de sol de Oslo ou de Estocolmo, quando ele surge, no mês de janeiro.

Por isso, não é de estranhar o nosso desejo mediterrânico pelo sol, sobretudo quando ele rareia, como neste inverno sem tréguas, que se abateu no nosso país. As boas notícias são que o bom tempo está a caminho já a partir da próxima quinta-feira, numa espécie de receção à primavera que tem início mais lá para o fim do mês. Venha o sol.


Fontes:

http://psychology.about.com/

http://www.ehow.com/

http://www.inf.ufrgs.br/~cabral/Nascer_Por_Sol.html

http://www.who.int/uv/faq/uvhealtfac/en/index1.html

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2290997/

http://www.timeanddate.com

http://www.gaisma.com/

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