A terra onde vivemos.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010 · Temas: , ,

Como definir Portugal hoje e quem somos nós os portugueses? A nossa cultura assenta em bases geográficas e históricas. Se por um lado os lusitanos resultam de uma variada fusão étnica entre povos do Norte e do Sul, compondo à sua maneira a herança de traços de personalidade obtidos de uns e outros, por outro lado, a situação geográfica de Portugal contribuiu indiscutivelmente para o carácter expansivo da cultura portuguesa.


O Portugal de hoje situa-se assim, entre uma nação que foi simultaneamente centro de um grande império colonial, que não conseguiu gerir convenientemente, e a periferia de uma Europa que se vai desenvolvendo sem quase o incluir. É nesta transversalidade que surgimos nós, os Portuguesas, herdeiros de uma cultura apenas limitada pela fronteira e sem se demarcar das restantes, «o que não deixa de corresponder à nossa reconhecida capacidade de adaptação».

Não obstante as grandes transformações sofridas após a conquista da democracia, parece teimar-se no comum discurso do sonho e da glória para nos projectarmos no exterior, quando internamente nos ligamos irremediavelmente a um fado demasiado fatalista para justificar as grandes dificuldades estruturais de que o País sempre padeceu e que ainda não soube contrariar (Maria, A. Gato).

Segundo Boaventura Sousa Santos “a nossa cultura nunca se conseguiu diferenciar totalmente perante culturas exteriores, no que configurou um défice de identidade pela diferenciação. Por outro lado, a nossa cultura manteve uma enorme heterogeneidade interna, no que configurou um défice de identidade pela homogeneidade.”.

Perante estas palavras, torna-se mais evidente a construção e contínua divulgação do anterior discurso identitário, tal como se compreende melhor porque é que os portugueses insistem na criação de ícones como a Amália, o Eusébio ou mais recentemente o Cristiano Ronaldo, para se reconhecerem enquanto grupo cultural, num tempo em que se torna cada vez mais difícil falar de identidades nacionais dada a globalização.

Perante isto é importante mergulhar na nossa história, sobretudo a recente, para entender no fundo aquilo que somos e para onde nos devemos dirigir. Os sete episódios da série documental «Portugal, um retrato social» constituem um óptimo ensaio para esta abordagem. Aos meus alunos, que agora começam a redescobrir Portugal com um novo e aprofundado olhar, destaco o episódio 1, episódio 2 e episódio 4. Bom proveito.

Fontes:  - Maria Assunção Gato – http://www.igeo.pt/

3 respostas a: “A terra onde vivemos.”

  1. Eu penso que devemos lembrar-nos de todo o passado histórico português, mas receio que nesta altura o mais importante é o futuro. Embora estejamos numa profunda crise, não perdemos todas os bens preciosos do nosso país. Perdemos o essencial, o dinheiro, pois sem ele não podemos investir no avanço espacial e paisagístico, mas contudo, possuímos maravilhosas coisas, tais como a nossa língua, que é um forte elo de ligação com alguns países do continente Africano, os PALP, possuímos também as melhores praias e os melhores monumentos, como o Palácio da Pena em Sintra, a Lagoa das Sete Cidades em São Miguel, o Castelo de Óbidos, a Torre de Belém, o Castelo de Guimarães, o Templo Romano de Évora, e tantos outros. Mas já que neste momento não temos a oportunidade de investir mais, podemos sempre desfrutar do que nos pertence desde sempre. Portugal é um país lindo, com uma cultura riquíssima, que vai desde a gastronomia (cozido à portuguesa, cabrito assado, bacalhau, a feijoada, o arroz doce, os rebuçados da Régua, etc) às tradições ( como os pauliteiros de Miranda, o folclore, a música pimba, as vindimas, o artesanato, o fado, etc) e também o lazer ( os belos cruzeiros pelo rio Douro, as feiras medievais, festivais musicais, teatro, etc). Concluindo, tudo o que é nosso é merecido.

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  2. Depois de uma bela barrigada de bacalhau digo sempre isso Carolina: - Portugal é um país maravilhoso! O pior é que quando começo a olhar para a capa dos jornais! É cá uma indigestão...

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  3. É verdade, o estômago até anda ás voltas!

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