Páscoa.

domingo, 4 de abril de 2010 · Temas: ,

O termo Páscoa deriva do aramaico Pasha, que em hebraico se diz pesach. Com um significado discutível, poderá significar "saltar", em referência a uma dança ritual, mas também a passagem do sol pelo seu ponto mais alto numa determinada constelação.

No livro do Êxodo, no Antigo Testamento, o termo refere-se à noite em que Javé matou os primogénitos do Egipto e poupou ("saltou") as casas de Hebreus (Judeus). No entanto, para o Judaísmo a Páscoa, sua principal festa, comemora a libertação dos hebreus no Egipto através da passagem do Mar Vermelho, conduzidos por Moisés.

Tradição pascal da Hungria, em Szenna, que consiste em
atirar água a raparigas, num ritual de fertilidade que tem as suas
 raízes nas tribos pré-cristãs, já desde o século II depois de Cristo.

 Javé terá dito então a Moisés: "Aquele dia será para vós um memorial, e vós festejá-lo-eis como uma festa em honra ao Senhor. Ao longo das vossas gerações, a deveis festejar como uma lei perpétua". Até à sua libertação do Egipto, a Páscoa dos Hebreus era a festa dos cordeiros novos, entre os pastores, e festa do pão novo, ou dos Ázimos, entre os agricultores. Por isso se dizia "comer a Páscoa". Só depois da libertação do Egipto é que se tornou a festa da anunciação e da libertação futura, impregnada de Messianismo, o vector fundamental da religião judaica.

Cerca de 100 penitentes transportam a imagem de
Jesus Cristo, na baixa da Cidade da Guatemala.
A Páscoa cristã celebra a ressurreição de Jesus no domingo após o dia 14 de Nisan, data da Páscoa judaica: é pois a memória do sacrifício de Jesus na Cruz, uma nova vítima pascal e da sua vitória sobre a morte pela ressurreição. Simbolicamente, Cristo, apresentado como o cordeiro de Deus, representa a nova Páscoa, e é o pão novo, que ourifica pelo seu sangue.

Jesus, que era judeu, concilia assim as duas tradições judaicas do Antigo Testamento na sua pessoa, eixo central do Novo Testamento. Como a Paixão e morte de Jesus coincidiram com a Páscoa judaica, vários costumes e símbolos foram incorporados às tradições cristãs. Por isso S. Paulo, por exemplo, na sua Epístola aos Hebreus, afirma que rituais como a imolação do cordeiro são imagens de algo que afinal se verificou: o cordeiro de Deus, imolado em sacrifício, é o próprio Cristo, crucificado para expiar os pecados dos homens. Aqui está pois a síntese da Páscoa judaico-cristã.

Penitentes na procissão da Irmandade do Jesus Yacente,
em Zamora, Espanha.
Entre os cristãos, a Páscoa é comemorada no primeiro domingo após a lua cheia seguinte ao equinócio de Março (dia 21). É por isso uma data móvel, que pode ocorrer entre 22 de Março e 25 de Abril. É precedida de quarenta dias de Quaresma (Quadragesima) e da Semana da Paixão.

A Páscoa na actualidade.

No Ocidente a Páscoa tem perdido simbolismo, o que fez com que certos costumes da sua liturgia desaparecessem. Na Península Ibérica, contudo, ainda subsistem costumes como o "enterro do Judas", hábito que a Igreja condenou e que consiste no "linchamento" simbólico de um boneco representando Judas Iscariotes em sábado de Aleluia.

Um penitente participante do Camiño del Calvário,
popularmente conhecido como “Turbas”, na localidade de
Cuenca, Espanha.
Em termos litúrgicos, os preparativos da vigília pascal entre os católicos subordinam-se a um esquema em que todos os simbolismos e temas pascais são gradualmente apresentados. Assim, logo em Novembro, começa-se a preparar os fiéis para a Páscoa, com instruções sobre os sacramentos, surgindo depois a Quaresma como uma forma de preparação penitencial. No domingo anterior à Páscoa, celebra-se os ramos, festa alusiva à entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, ovacionado por uma turba de gente que alguns dias depois o haveria de condenar e ver crucificado como um mero criminoso. O sacrifício de Cristo na Cruz é recordado na sexta-feira da Paixão. Desde 1951, por ordem de Pio XII, a missa de sábado de Aleluia é celebrada à meia-noite, na passagem para o domingo da Ressurreição.

Entre os cristãos protestantes, as celebrações da Páscoa têm particular incidência no sábado, ponto culminante de um conjunto de cerimónias religiosas iniciadas no domingo de ramos e que se prolongam por toda a semana.

Nota: este artigo é totalmente baseado, com adaptações, na Infopédia da Porto Editora.

Fontes:

- wikipédia
- Infopédia
- boston.com

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